Sob ameaça de ser “cristianizado” por aliados diante do fraco desempenho eleitoral, o candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, deu uma guinada em sua propaganda, elevando drasticamente o tom dos ataques a Jair Bolsonaro (PSL) e ao PT de Fernando Haddad. No programa de ontem, em tom alarmista, o tucano afirma que no caso de vitória de qualquer um dos dois concorrentes, o Brasil corre o risco de virar uma “nova Venezuela”. Segundo ele, Bolsonaro e o PT representariam “os dois lados de uma mesma moeda: o radicalismo”. 

Imposto do cheque
O programa do PSDB reproduziu reportagem em que Bolsonaro teria elogiado Hugo Chávez. Mas também aproveitou o escorregão do economista do presidenciável do PSL, Paulo Guedes, que em reunião fechada com investidores, sinalizou para a recriação da CPMF, que ficou conhecida como “imposto do cheque”. Segundo o tucano, Guedes também defendeu “menos imposto para os ricos e mais imposto pros pobres”. 

Às escuras
Quanto ao PT, Alckmin diz que o partido seria “a própria escuridão” e aponta que o partido seria o responsável pela crise que o País vive atualmente. 

Inspiração
No afã de dramatizar o cenário de uma vitória dos dois oponentes principais, o candidato do PSDB ressuscitou até um slogan que ficou famoso na disputa pelo governo do Paraná do início dos anos 80, afirmando que a eventual vitória de Bolsonaro seria “um verdadeiro salto no escuro”. 

Semântica
Em 1982, o candidato ao governo do Paraná apoiado pelo regime militar, Saul Raiz, usou o mesmo slogan contra o então candidato do MDB, José Richa, em outdoors que diziam “Saul Raiz ou um salto no escuro”. Partidários de Richa apagaram desses outdoors a palavra “ou”, fazendo que o slogan se voltasse contra o próprio candidato de situação. 

Virada
Analistas ouvidos pelo jornal O Estado de São Paulo avaliam que a eleição deste ano representa uma mudança histórica na campanha eleitoral. Apesar de continuar sendo importante, a propaganda na TV perdeu o protagonismo para a internet, redes sociais, Facebook, WhatsApp e seus derivados. Prova disso é que candidatos com mais tempo no horário eleitoral, como Alckmin e Henrique Meirelles (MDB) patinam, enquanto outros, como Bolsonaro e Ciro Gomes (PPS) mostram-se mais competitivos. 

Consenso
Segundo os estudiosos do assunto, tornou-se praticamente um consenso de que a comunicação digital, nas eleições deste ano, deixou de ser “mais uma ferramenta” para se tornar, efetivamente, um divisor de águas da propaganda eleitoral.

Na cara
Candidato à reeleição, o deputado federal Aliel Machado (PSB) afirma em sua propaganda: “Vou repetir aqui o que eu disse na cara do Eduardo Cunha: ‘lugar de ladrão é na cadeia’”. 

A escolhida
Candidata à Câmara Federal, Luiza Canziani (PTB) – filha do deputado federal e candidato ao Senado, Alex Canziani (PTB) – tem mais tempo no horário eleitoral do que muito candidato a cargos majoritários.  Ela foi a escolhida para substituir o pai,  que está no quinto mandato na Câmara. E até recebeu mais recursos que ele do partido para a campanha: R$ 1.468.553,67, contra R$ 1,1 milhão do deputado.