Franklin de Freitas – Voluntários mantêm serviço e o ânimo: tudo remoto

Num momento de extrema dificuldade, a vontade de ajudar cresceu. É que com a pandemia do novo coronavírus, também aumentou a busca por ações sociais. Segundo uma pesquisa divulgada pelo Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC), o volume de doações dobrou no ano passado em relação a 2019. Além disso, também houve uma mobilização maior para ajudar na área da saúde, principalmente no combate à Covid-19.

Acontece, porém, que a pandemia acabou também alterando profundamente a rotina dos estabelecimentos de saúde. Por isso, o ano de 2020 foi também de reinvenção para os apaixonados pelo voluntariado, especialmente aqueles que tinham no contato e nas visitas as principais ferramentas de ajuda, já que nesse momento o trabalho dos voluntários em ambiente hospitalar foi suspenso para preservar a saúde dos envolvidos.

Ficar sem ajuda (e sem ajudar), contudo, não é uma opção, e uma boa saída costuma ser apelar para a tecnologia. “Com a pandemia, a presença dos voluntários foi evitada. Mas, a nossa vontade de ajudar os pacientes que estavam lá dentro foi maior do que toda essa situação. Então nós mudamos e adaptamos as atividades para que cada voluntário pudesse contribuir de forma remota, na segurança do seu lar”, revela a coordenadora do voluntariado do Hospital Universitário Cajuru, Nilza Maria Brenny.

Foi aí que os robôs entraram em cena, aproximando voluntários e pacientes virtualmente. Desde maio de 2020, o ROBIOS é o novo integrante do Cajuru. Com um tablet na altura da cabeça, o robô sai pelos corredores levando os voluntários de forma remota até os pacientes. São mais de 320 voluntários que atuam no hospital, desde grupos de palhaços, músicos e até cachorros que agora, por causa da pandemia, fazem suas apresentações à distância.

Em cinco meses de trabalho fazendo as visitas com o robô três vezes por semana, foram em média 2100 atendimentos em quartos com os grupos de palhaços e cerca de 60 com os músicos, além das visitas diárias para os pacientes nas UTIs. Para Nilza, essa é uma forma de levar alegria para os pacientes e ainda diminuir a saudade dos voluntários. “As pessoas que estão internadas sentem falta desse cuidado, dessa atenção e carinho. Quando os voluntários chegavam, a alegria era contagiante. E agora, com o ROBIOS, nós podemos levar esse conforto para os pacientes de forma segura”, revela.

Outra forma de manter os voluntários ativos mesmo com as restrições, foi a produção de máscaras de proteção. Cerca de 76 mil máscaras foram confeccionadas e distribuídas para pacientes internados, familiares, acompanhantes, visitantes e funcionários dos setores administrativos. “Como tínhamos essa necessidade de ter mais máscara, e tudo era muito caro, o hospital resolveu comprar o tecido para que a gente ajudasse a confeccionar. E, com isso, nós criamos o grupo de costureiras Mãos Que Transformam. Um grupo ficava encarregado de pegar os tecidos no hospital e levar até a casa dos voluntários. Quando prontas, traziam as máscaras para o hospital e, então, a gente distribuía entre as equipes”, diz Nilza.

A falta que você me faz…

O aposentado Márcio Zeni é voluntário do Hospital Universitário Cajuru desde a fundação do grupo, em 2006. Em 15 anos de trabalho, pelo menos duas vezes por semana ele acompanhava os pacientes pelos corredores do hospital, empurrando a cadeira de rodas entre o quarto, a sala de exames e os passeios no jardim. No caminho, conversas, histórias e risadas. “O serviço de voluntariado foi interrompido para preservar pacientes, colaboradores e voluntários. Está sendo uma experiência única, o contato físico do dia a dia faz muita falta, todos nós fomos impactados. Nosso desejo é um retorno seguro e o mais breve possível”, afirma.

O aposentado ainda conta que queles que dedicam seu tempo atuando como voluntários conseguem diminuir o estresse e os traumas que muitos pacientes têm durante o período de internação. “A presença de voluntários comprometidos com a humanização do atendimento, com tempo, olhos e ouvidos à disposição, serve para diminuir o estresse do paciente. Esse olhar para o ser humano, com carinho e respeito transmite ao paciente maior segurança e conforto. É para isso que dedicamos nosso tempo e nossas energias”, diz.

SERVIÇO

Voluntariado do Hospital Cajuru
Como funciona: Aqueles que desejam doar parte de seu tempo podem atuar como voluntários no hospital, exercendo atividades diversas, conforme o perfil da pessoa e disponibilidade de horários.
Como se voluntariar: Basta agendar uma entrevista por meio do telefone (41) 3271-2990 para que a equipe possa avaliar o candidato e ver qual atividade a ser exercida.
Outras formas de contribuição: Quem não tem disponibilidade de tempo e mesmo assim quer contribuir pode o fazer de diversas formas: boleto bancário, depósito em conta corrente ou por meio da conta de energia elétrica (Copel). Empresas também podem fazer suas doações e deduzi-las até o limite de 2% do seu Lucro Operacional Bruto.
Site: http://www.hospitalcajuru.org.br/doacao/
Telefone (41) 4042-8374