A Escola Cidade Jardim Cumbica, em Guarulhos, São Paulo, solicitou que um aluno cortasse seus cabelos crespos. A educadora Maria Izabel Neiva, 38 anos, mãe de Lucas Neiva, 8 anos, rejeitou o pedido e o garoto não pode se rematricular na instituição.
A mãe informou que em agosto ela recebeu um bilhete de uma professora do filho, pedindo que ele usasse um corte de cabelo mais curto para que não caísse no olho do garoto. Maria Izabel não quis cortar o cabelo do filho e enviou um recado a direção da escola. Porém, a diretora respondeu que [esse tipo de] cabelo [Black Power] não é usado no colégio pelos alunos.
Segundo Maria Izabel, ela foi a escola argumentar com a diretora, que o corte de cabelo de Lucas não atrapalha seu desempenho escolar. Ela [diretora] falou que o cabelo dele ‘é crespo, cheio e inadequado “, relatou Maria Izabel ao telejornal Bom Dia Brasil de hoje (5). A mãe do estudante ainda disse que a diretora deu motivo para que o garoto cortasse o cabelo. “Ela falou que os outros alunos não conseguiam enxergar a lousa e que a escola não permite ‘extravagâncias'”, afirmou Maria Izabel.
Maria Izabel declarou que não recebeu aviso sobre as rematrículas para os alunos e, quando procurou a secretaria, descobriu que não existiam mais vagas. “Somente na reunião de pais, na semana passada, tive informação sobre isso. Falaram que eu perdi o prazo e que o Lucas deveria entrar na fila de espera”, disse.
A Polícia Civil abriu inquérito por racismo. Jorge Vidal Pereira, delegado do 3º Distrito Policial, Jorge Vidal Pereira, a atitude da escola pode ser considerada racista. “Toda vez que a pessoa é impedida ou é tolhida de entrar em algum estabelecimento, inclusive em estabelecimento de ensino, que tenha a conotação que é por causa da cor ou do cabelo, está caracterizado dentro da lei que apura os crimes raciais”, apontou Pereira.
A diretora da escola, segundo a polícia, foi notificada sobre o inquérito e deve comparecer à delegacia na segunda-feira (9) para prestar depoimento.
A direção do colégio Cidade Jardim Cumbica disse, em nota, que a mãe perdeu o prazo da rematrícula, sendo assim orientada a colocar o nome do filho na lista de espera. Ainda segundo a escola, a professora orientou Maria Izabel a cortar o cabelo do menino porque a franja estaria atrapalhando a visão dele, e que isso não teria impedido a rematricula do o menino.
Nos Estados Unidos, ocorreu um caso semelhante ao de Lucas, em que uma garota com cabelos crespos foi ameaçada de expulsão pela escola caso mantesse um corte de cabelo.