Franklin de Freitas – Crise interrompeu crescimento linear que vinha desde 2007

Após anos de bonança e crescimento contínuo, o setor automotivo tem tido de lidar com uma situação inédita em Curitiba no último triênio. É que a frota de veículos da Capital — que ainda é proporcionaolmente a maior de todo o país, segundo informações do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) — está praticamente estagnada desde 2015.
Entre janeiro de 2007 e novembro do ano referido (quando a frota em Curitiba alcançou seu ápice), o número de veículos na Capital saltou 46,5%, passando de 966.711 unidades para 1.416.133. Considerando os dados de abril de cada ano, o crescimento nesse período sempre foi positivo, variando entre 7% (abril de 2007/abril de 2008) e 3,52% (abril de 2014/abril de 2015).
Desde então, contudo, em decorrência do agravamento da crise econômica e política (e a consequente perda de poder aquisitivo da população) e os crescentes problemas relacionados ao trânsito (como congestionamentos), a frota de veículos “não anda” mais para frente.
Prova disso é que em abril último, dado mais recente disponibilizado pelo Departamento de Trânsito do Paraná (Detran/PR), a frota da Capital somava 1.404.387 veículos, uma redução de 0,83% na comparação com o auge, em novembro de 2015. Além disso, no comparativo mês a mês de novembro de 2015 a abril de 2018, em 20 desses 30 meses foi verificada retração da frota de veículos da cidade.
Ainda assim, há motivos para as montadoras terem otimismo. É que neste ano a frota só tem feito crescer em Curitiba, com quatro altas consecutivas e crescimento de 0,27% desde janeiro. Com isso, a frota atual já aponta para o maior registro desde dezembro de 2016, quando haviam 1.405.123 veículos na Capital. Bons números, mas ainda distante do verificado nos tempos áureos da economia brasileira.
Líder
Curitiba se mantém como a capital mais motorizada do Brasil, com índice de 0,8 veículo por habitante, logo à frente de Goiânia (0,78) e Florianópolis (0,71). Na outra ponta, Belém (0,30), Salvador (0,30) e Macapá (0,31) apresentam as menores taxas de veículos por habitantes. Já se considerados os números absolutos, São Paulo apresenta a maior frota do país, com 8,1 milhões de veículos, e Macapá, a menor, com 147 mil.

Locadoras são as maiores compradoras
De acordo com a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA), as 556 empresas de locação de veículos que operam atualmente no Paraná fizeram o setor se firmar no ano passado como o principal cliente das montadoras no Estado, tendo emplacado ao longo de 2017 exatos 11.423 automóveis e comerciais leves.
Com isso, a frota atual do setor no Paraná atingiu 56.832 unidades, com predominância dos “veículos de entrada”, que são 44,57%. Os “hatchs pequenos” somam 15,51%. Além disso, as 556 locadoras ativas no Estado são responsáveis pela manutenção de 3.502 empregos diretos no Paraná. 
Para se manterem (e também manter seus funcionários), contudo, essas empresas dependendem da terceirização (aluguel de frotas inteiras para empresas e órgãos públicos e também para empresas da iniciativa privada), responsável por 70% do faturamento do setor. O turismo de negócios (profissionais em viagens de trabalho) e o turismo de lazer (pessoas físicas em viagens de férias) aparecem em seguida, ambos com 15% do faturamento do setor.
Empregos
Conforme a pesquisa feita pela ABLA, as empresas do setor empregam juntas 3.502 pessoas, que representam 4,35% de todos os empregos diretos (80.378) mantidos pelas empresas de aluguel de carros no Brasil. O levantamento sobre o total de empregos no setor de locação de veículos foi feito pela primeira vez esse ano, numa iniciativa da ABLA. A associação coletou os dados diretamente do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS).