SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A BM&FBovespa anunciou nesta quinta-feira (26) a nova carteira do ISE, seu Índice de Sustentabilidade Empresarial. A novidade está na ausência das ações da mineradora Vale. Somadas, as ações preferenciais e ordinárias da companhia totalizam 12,04% de participação na carteira do índice que vigora até dezembro deste ano.
Após o anúncio, as ações da Vale reduziram os ganhos na BM&FBovespa. Às 11h22, os papéis preferenciais da mineradora tinham alta de 0,68%, para R$ 11,77, enquanto os ordinários tinham avanço de 0,71%, para R$ 14,16.
A Bolsa não especificou o motivo pelo qual os papéis da mineradora não farão parte do ISE em 2016. Sonia Favaretto, presidente do conselho deliberativo do ISE e diretora de imprensa e sustentabilidade da BM&FBovespa, se limitou a dizer que “as duas possibilidades para a empresa não estar no ISE são a companhia não ter participado do processo para ser incluída no índice ou não ter se qualificado para compor a carteira”.
A carteira foi deliberada na última terça-feira (24), quase três semanas após a tragédia que afetou a cidade mineira de Mariana.
Ao todo, 35 empresas com 40 ações farão parte do ISE no próximo ano, correspondendo a 44,75% do valor de mercado da BM&FBovespa. A nova carteira vai vigorar entre 4 de janeiro e 29 de dezembro de 2016. Banco do Brasil, Bradesco, Eletrobras e Itaú Unibanco são algumas das empresas que se mantiveram no índice.
Entre as ações novas no ISE estão as da Cesp, do setor elétrico, e os papéis da Oi, de telecomunicações. Além da Vale, Coelce (setor elétrico), Gerdau (siderúrgica), Metalúrgica Gerdau (metalúrgica) e Sabesp (saneamento) estão entre as baixas do ISE.
ENTENDA
Uma das acionistas (ao lado da anglo-australiana BHP Billiton) da Samarco, responsável pela barragem, a Vale utilizava a área para despejar rejeitos de minério de ferro de suas atividades na região.
Embora seja acionista da empresa, a mineradora até agora não admitiu qualquer responsabilidade pela tragédia. Nos pronunciamentos feitos pela mineradora e por seus diretores não houve menção aos rejeitos que a empresa depositava na barragem.
A tragédia que afetou cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo foi provocada pelo rompimento da barragem -que resultou no vazamento de ao menos 40 bilhões de litros de lama e no transbordamento também da barragem de Santarém, que fica logo abaixo da do Fundão.
As causas do rompimento ainda são desconhecidas, e só uma investigação poderá dizer se a quantidade de lama enviada pela Vale estava ou não dentro das normas.
O desastre deixou ao menos 13 mortos -11 pessoas ainda estão desaparecidas e quatro corpos aguardam identificação-, além de ter destruído a fauna e a flora por onde a lama passou.
O rejeito, que contaminou praticamente todo o rio Doce, chegou no fim de semana ao mar do Espírito Santo.
O governo federal classificou o episódio como a maior tragédia ambiental já ocorrida na história do país.
OPERAÇÕES CONJUNTAS
A Samarco (que é presidida por Ricardo Vescovi) e a Vale (que tem Murilo Ferreira como presidente) mantêm várias atividades operacionais conjuntas na região de Mariana. O compartilhamento da barragem é uma delas.
O rejeito da mina de Alegria era transportado para a barragem de Fundão por meio de linhas de transmissão que foram destruídas no acidente, segundo relatos obtidos pela Folha. A Vale, no entanto, afirma que a informação não procede.
Desde a tragédia em Mariana, as atividades das duas mineradoras na região tiveram que ser reduzidas.