Sentado na mesa da sala de conferências para os jornalistas, do estádio Ahmed bin Ali, em Al Rayyan, o técnico do Canadá, John Herdman, era a perfeita tradução da performance de sua equipe: orgulhoso, por um lado, frustrado, pelo outro. “Representamos bem o nosso país, contra uma das melhores seleções do mundo. Jogamos de igual para igual, mas não vencemos”, disse ele. “Estou orgulhoso pelo nosso desempenho, mas chateado pelo resultado.”
Assim que o árbitro apitou o final da partida, ele contou que foi cumprimentar seus jogadores. “Disse a eles que as pessoas que vieram de tão longe para apoiá-los só poderiam estar felizes pela coragem e o esforço mostrado em campo”, afirmou. “Agora nos resta jogarmos tudo o que pudermos contra a Croácia.”
E Herdman tem motivos para acreditar que seu time ainda está vivo na Copa do Catar: ao contrário dos prognósticos, que apontavam que a seleção canadense não teria cacife para encarar a Bélgica de Courtois, Hazard e De Bruyne, eis que o Canadá causou boa impressão.
Em momentos do jogo, chegou a amassar a equipe belga. O problema foi na hora H, a de acertar o gol. Das 22 finalizações, nada menos do que 19 foram erradas. “Nos quatro dias que faltam para o nosso segundo jogo, contra a Croácia, vamos tentar resolver esse problema e sermos mais eficazes”, argumentou.
Se o Canadá conseguir marcar o tão sonhado primeiro gol em Mundiais, colocará fim a um tabu: o de nunca ter chegado à rede, desde 1986, quando disputou as suas primeiras três partidas em fases finais de Copas do Mundo.
Essa escrita, pelo menos, já poderia ter caído não fosse Courtois – o goleiro da Bélgica defendeu o pênalti batido por Alphonso Davies, aos 9 minutos de jogo. “Não me arrependo da escolha do cobrador”, afirmou Herdman. “Davies é um dos melhores cobradores nos treinos”, explicou. “Mas, não era noite dele e Courtois teve méritos para defender.”
Entre os jogadores canadenses, como Atiba Hutchinson, o sentimento é que o Canadá saiu maior do que entrou no gramado do estádio Ahmed bin Ali. “Nossos torcedores têm motivos para continuar acreditando na nossa equipe”, falou. “Quando entramos em campo, é sempre para dar o nosso melhor. E ainda acreditamos que não mostramos tudo o que podemos.”