MORADORES DE RUA MORADOR DE RUA
Governo anunciou programa de atendimento de pessoas em situação de rua (Franklin de Freitas)

Quase 12 mil paranaenses vivem atualmente em situação de rua. É o que revelam dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (Cadastro Único ou CadÚnico), os quais apontam que em setembro deste ano (mês mais recente com dados disponíveis) um total de 11.959 pessoas do Paraná estavam cadastradas como vivendo em situação de rua, o que significa que uma em cada 957 pessoas que vivem no estado não tem moradia.

As informações, disponibilizados pela Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único (Sagicad), mostram que em todo o Brasil há 229.038 pessoas cadastradas como vivendo em situação de rua, número que cresceu 30,4% em um ano (eram 175.599 em setembro de 2022). Já no Paraná, o avanço nesse mesmo período foi de 27%, com o número saltando de 9.426 para 11.959 (5,2% do total no país). Somente em Curitiba, são 3.487 pessoas nessa situação (29% do total no estado), com avanço de 27% em um ano.

Entre todas as unidades da federação, apenas os estados de São Paulo (93.702), Minas Gerais (24.455) e Rio de Janeiro (22.175) possuem mais cadastrados nessas circunstâncias do que o Paraná. Já entre as capitais brasileiras, São Paulo (55.027), Rio de Janeiro (15.167), Belo Horizonte (12.156), Salvador (7.163), Brasília (6.741), Fortaleza (6.532) e Porto Alegre (3.580) ficam na frente da capital paranaense.

Importante destacar que o número de pessoas oficialmente registradas no CadÚnico como em situação de rua não pode ser considerado como um censo oficial da população de rua. Por outro lado, os dados destacam a complexidade do problema, que entre diversas dimensões, dificulta inclusive um levantamento fidedigno dos números totais de pessoas nessa circunstância.

Briga de família e desemprego são os motivos que mais levam as pessoas para a rua

Divulgado nesta segunda-feira (11) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a pesquisa “A população em situação de rua nos números do Cadastro Único” revela ainda que problemas familiares e desemprego são as razões mais apontadas por pessoas em situação de rua para explicar sua circunstância.

A exclusão econômica, dimensão que envolve o desemprego, a perda de moradia e a distância do local do trabalho, é citada por 54% das pessoas. Problemas de saúde – particularmente, mas não somente, aqueles relacionados à saúde mental – são apontados por 32,5%. A fragilização ou ruptura de vínculos familiares é citada por 47,3% e lidera a estatística que leva em consideração somente motivos individuais. O levantamento apresenta os valores absolutos e os percentuais das causas autodeclaradas de situação de rua. Essas causas não são excludentes, por isso os percentuais somam mais de 100%.

Levando em consideração somente motivos individuais, além da liderança dos problemas com familiares e companheiros (47,3%), aparecem razões como desemprego (40,5%), alcoolismo e outras drogas (30,4%), perda de moradia (26,1%), ameaça e violência (4,8%), distância do local de trabalho (4,2%), tratamento de saúde (3,1%), preferência ou opção própria (2,9%) e outros motivos (11,2%). Entretanto, é importante notar que as causas para a situação de rua no Brasil podem ser organizadas em três dimensões: a exclusão econômica, envolvendo a insegurança alimentar, o desemprego e déficit habitacional nos grandes centros; a fragilização ou ruptura de vínculos sociais, particularmente vínculos familiares e comunitários, por meio dos quais essas pessoas poderiam ser capazes de obter acolhimento em situações de dificuldade; e os problemas de saúde – particularmente, mas não somente, aqueles relacionados à saúde mental.