Curitiba é a capital com maior frequência de adultos fumantes no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, 14% da população curitibana (o equivalente a 265.160 pessoas) fuma, independentemente da frequência e intensidade do hábito. Com isso, a Capital, que em 2015 aparecia em 4º lugar no ranking nacional, saltou para a primeira posição, a frente de Porto Alegre (13,6%) e São Paulo (13,2%).

Os dados, que constam na íntegra do estudo Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2016), apontam que no período de um ano o número de fumantes na cidade cresceu consideravelmente, registrando o maior aumento da série histórica, iniciada em 2006. Em 2015, eram 227.280 fumantes, ou 12% da população. Em um ano, portanto, o número total de fumantes cresceu em 37.880.
Ainda segundo a Vigitel 2016, tanto entre homens como entre mulheres a taxa de tabagismo registrou aumento no último ano. Em 2015, 14,5% dos curitibanos e 9,8% das curitibanas se declararam fumantes. Em 2016, a frequência entre eles subiu para 17,8%, maior índice do País, e entre elas saltou para 10,7%, atrás somente de São Paulo (12,1%).
Já quando considerada a frequência de indivíduos que declararam fumar 20 ou mais cigarros por dia, a Capital ficou em quarto lugar no levantamento, com 3,8%, atrás de São Paulo (4,3%), Porto Alegre e Recife (3,9% cada). No ano anterior, Curitiba aparecia em sexto lugar e empatado com Goiânia, com 3,1%.
Parar de fumar — Para aqueles que quiserem combater o vício, todas as 109 unidades básicas de saúde de Curitiba contam com profissionais capacitados para realizar o tratamento de combate ao tabagismo, sendo que em aproximadamente um terço das unidades há grupos de combate ao tabagismo em andamento no momento, abertos conforme a demanda do público.
Ainda segundo a Prefeitura de Curitiba, a cada ano cerca de 2 mil pessoas passam por tratamento para superar o vício do tabagismo, sendo que mais da metade dos fumantes que recorrem ao tratamento conseguem deixar o vício já na primeira tentativa. O problema, contudo, é que são poucos os que buscam ajuda profissional. Um estudo do IBGE divulgado em 2015 revelou que aproximadamente metade (51,5%) dos fumantes do Paraná teria tentado parar de fumar nos 12 meses anteriores à pesquisa, mas uma minoria (9,4%) buscou tratamento com profissional de saúde.

Mercado ilegal cresce no Paraná
Embora a frequência de fumantes tenha crescido em 2016, nos últimos anos Curitiba vinha conseguido resultados exitosos no combate ao consumo de cigarros. Em 2006, 18,9% da população se declarava fumante. Em 2016, esse índice havia caído para 14%.
Segundo a Pesquisa Internacional de Tabagismo (TIC), o principal responsável pelos resultados são os impostos que incidem sobre o produto, que em uma década mais do que dobraram, com a carga tributária representando 66% do preço de venda do produto.
Contudo, essa alta dos preços tem também seu lado perverso, tendo provocado a explosão do consumo de marcas ilegais que entram com facilidade pelas fronteiras do país. E por fazer fronteira com o Paraguai, o Paraná é a principal porta de entrada do contrabando, juntamente com o Mato Grosso do Sul.
Atualmente, inclusive, as marcas ilegais são responsáveis por 57% das vendas no Paraná, ou seja, 12 pontos percentuais a mais que a média Brasil, que é de 45%, segundo pesquisa de mercado. Em 2013, esse mesmo estudo apontava que cerca de 33% do mercado paranaense estaria contaminado, o que significa que o contrabando de cigarro vem abocanhando uma fatia cada vez maior desse mercado.
Segundo Edson Vismona, presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) e coordenador do Movimento em Defesa do Mercado Legal Brasileiro, o crescimento exponencial do contrabando tem acontecido por uma combinação de fatores: aumento de impostos, crise econômica e fragilidade das fronteiras.
É imperioso aumentar a vigilância nas fronteiras, por parte dos governos de ambos os países e, no caso paraguaio, afirma Vismona, em referência ao presidente paraguaio, Horacio Cartes, que é dono da maior fabricante de cigarros do país, a Tabacalera del Este,que produz o cigarro Eight, uma das marcas mais vendidas no país.

Capitais com maior frequência de fumantes

Curitiba: 14%
Porto Alegre: 13,6%
São Paulo: 13,2%
Campo Grande: 11,6%
Rio de Janeiro: 11,2%

Os homens fumam mais em…

Curitiba: 17,8%
Porto Alegre: 17,4%
Campo Grande: 15%

As mulheres fumam mais em…

São Paulo: 12,1%
Curitiba: 10,7%
Porto Alegre: 10,5%

Fonte: Vigitel 2016