Métodos contraceptivos realizados no SUS tiveram alta de 82% em 2022 (Arquivo Bem Paraná/Franklin de Freitas)

O Paraná registrou em 2022 um aumento expressivo no número de esterilizações masculinas e femininas na rede pública de saúde. Ao longo do ano passado, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou um total de 4.817 laqueaduras de trompas (em mulheres) e 2.827 vasectomias (em homens), totalizando 7.644 procedimentos. É o ano com mais esterilizações desde 2007, quando haviam sido realizados 7.678 cirurgias (com 5.313 laqueaduras e 2.365 vasectomias), revelam dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

Na comparação com 2021, verifica-se que o total de esterilizações realizadas no Paraná cresceu 82,7% no ano passado, passando de 4.184 procedimentos num ano para 7.644 no outro. A alta foi especialmente expressiva entre as vasectomias (+183,3%), com 2.827 cirurgias em 2022 ante 998 em 2021 — trata-se do maior número de esterilizações masculinas feitas num único ano ao longo de toda a série histórica do SIH/SUS, iniciada em 1992.

Por outro lado, o número de laqueaduras teve variação de +51,2%, passando de 3.186 cirurgias em 2021 para 4.817 em 2022. Em toda a série histórica, apenas o ano de 2007 (com 5.313 procedimentos) concentrou mais esterilizações femininas, sendo importante destacar que os números consideram também as cesarianas com laqueaduras — até então permitidas quando a paciente havia tido duas ou mais cesáreas ou se a mesma apresentasse algum risco de vida em caso de uma nova gestação, uma nova gravidez.

Um fator que pode ajudar a explicar esse aumento na procura pelos procedimentos analisados é a retomada das cirurgias eletivas, depois de passados os momentos mais críticos da crise sanitária provocada pela Covid-19. É que durante a pandemia os procedimentos que não eram de emergência tiveram de ser suspensos em algumas ocasiões, para garantir estoque de alguns medicamentos àqueles acometidos pelo novo coronavírus. Com isso, em 2020 e 2021 foram feitos 3.834 e 4.184 cirurgias de laqueadura ou vasectomia, enquanto nos cinco anos anteriores (2015 a 2019) haviam sido feitos, em média, 5.956 procedimentos por ano.

Novas diretrizes
Outro ponto a ser considerado também são as transformações, legais e sociais, pelas quais o país passou desde 1996, quando foi sancionada a Lei do Planejamento Familiar, que trata, em seu artigo 10, da esterilização voluntária, como a laqueadura de trompas e a vasectomia.

No mês passado, inclusive, entrou em vigor a Lei 14.443/2022 que dispensa o consentimento do cônjuge para autorizar a laqueadura, em mulheres, e vasectomia, em homens. Além disso, a nova legislação também reduz para 21 anos a idade mínima para a realização dos procedimentos no país (antes, era 25 anos), a qual não será exigida para quem tem, pelo menos, dois filhos vivos.

A mulher também pode solicitar a laqueadura durante o período do parto, o que não era permitido na legislação anterior, de 1996.

É necessário manifestar a vontade com 60 dias de antecedência e a nova lei manteve a exigência de manifestação pela cirurgia em documento escrito e firmado. Entre a manifestação da vontade e a cirurgia, a pessoa interessada passará por aconselhamento por equipe médica quando receberá orientações sobre as vantagens, desvantagens, riscos e eficácia do procedimento. O objetivo é evitar a esterilização precoce.

O que é
Métodos contraceptivos que devem ser muito bem pensados

A laqueadura de trompas e a vasectomia são métodos contraceptivos cirúrgicos que impedem definitivamente o contato de espermatozoides e óvulo. A laqueadura, ou ligadura, consiste no corte das tubas uterinas, também conhecidas como trompas de falópio. Já na vasectomia, o que se corta são os canais deferentes, que levam os espermatozoides até a vesícula seminal.

Ambas as cirurgias são simples e com recuperação rápida. A laqueadura, no entanto, envolve mais cuidados, se feita por método abdominal. Por outro lado, nenhum dos procedimentos envolve efeitos colaterais comprovados e os dois são muito eficazes, chegando a atingir, no máximo, 0,5% de falha.
Entretanto, é importante se atentar para a seriedade do método. É que as cirurgias não são sempre reversíveis, ou seja, podem resultar numa esterilização definitiva. Por isso, é necessário que os pacientes tenham ponderado bastante a respeito da decisão, pensando em longo prazo com maturidade.


Saúde debate gravidez e paternidade na adolescência
Com o tema “Direito da gestante adolescente e paternidade responsável: desafios para a saúde”, a representante da ONU para o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Anna Cunha, participou na quarta-feira, do I Seminário de Qualificação da Atenção à Saúde do Adolescente. O encontro foi promovido pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e voltado para profissionais da saúde, da assistência social e da justiça de todo o Paraná.

Realizado pela Diretoria de Atenção e Vigilância em Saúde, por intermédio da Divisão de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente, o encontro busca qualificar os profissionais e gestores para o acolhimento dos adolescentes, ampliar ações de promoção, prevenção, atenção a agravos e reabilitação da saúde e proporcionar ferramentas para as equipes atuarem nas unidades de atendimento. O evento iniciou na terça-feira e terminou ontem, em Curitiba, e tem a parceria do Ministério da Saúde e da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com o apoio e participação da Secretaria da Justiça e Cidadania e do Ministério Público do Paraná.

A palestrante destacou os números do Paraná referente à gravidez na adolescência, que é de 11,1% do total de gravidez, ficando abaixo da média nacional, que é de 14%. “A cada três gestações na adolescência, duas não foram planejadas, por isso a necessidade de uma rede de apoio e a importância em se trabalhar com a saúde sexual e reprodutiva”, reforçou a represente da ONU.

“Nossas equipes da Atenção Primária não medem esforços para atender de forma humanizada e resolutiva os adolescentes. É uma fase em que precisam de apoio e de muitas mudanças físicas e psicológicas. Reunir pessoas para debater o tema e traçar estratégias nesse sentido podem fazer a diferença na vida de cada um deles”, ressaltou o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.

Além desta palestra, também foram abordados temas sobre adolescência saudável, que tratou do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento dos jovens; a imunização do adolescente, sobre desafios da cobertura vacinal, e prevenção do suicídio.