
As prefeituras do interior do Paraná correm contra o tempo para suprir a demanda de oxigênio com o crescimento exponencial de casos de Covid-19 nas últimas semanas. Para ser ter uma ideia do aumento de consumo, o Hospital Municipal de Maringá e a UPA Zona Sul consumiam 20 mil m3 de oxigênio por mês em média antes da pandemia. Em fevereiro, o consumo aumentou para 120 mil m3, ou seja 500%, com previsão para chegar a 150 mil em março. Segundo a Prefeitura, a empresa fornecedora está mantendo o estoque regulador de oxigênio mesmo com a elevação do consumo, mas nesse ritmo, o município tem licitado oxigênio suficiente para cerca de 2 meses.
A Prefeitura de Maringá finalizou estudos e está com negociações adiantadas com indústrias fornecedoras para instalar uma usina de oxigênio e atender a UPA Zona Zona Sul, o Hospital Municipal (HMM) e o SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Outra iniciativa prevista é a instalação, em uma semana, de um novo tanque de oxigênio nas unidades de saúde. Há 15 dias, no início deste mês, o complexo de saúde ganhou dois geradores. Agora, são quatro destes equipamentos, o que garante o funcionamento das unidades por cinco dias em caso de pane no sistema elétrico da cidade. “Nossa prioridade é evitar a disseminação do vírus. Mas, estamos atentos para receber a população com todas as condições necessárias para o melhor atendimento possível”, explica o prefeito Ulisses Maia. Hoje, as unidades são atendidas por tanques de oxigênio abastecidos por uma empresa licitada.
Em Clevelândia, a 414 quilômetros de Curitiba, pelo menos três cervejarias da região Oesteinterromperam parte da produção do produto para doar cilindros para envasar oxigênio aos internados. As doações aconteceram no sábado, com a entrega de 17 cilindros, sendo três de 1 quilo, três de 7 quilos e outros 11 de 10 quilos. Participaram da ação as cervejarias Insana, Formosa e SchafBier. Com as doações, o Hospital Regional Estadual de Clevelândia, que tem capacidade máxima para atender
com até 40 cilindros diários, agora conta com quase 60 no tratamento contra a covid-19.
Falta de anestésicos preocupa gestores
O aumento do número de internações de pacientes com Covid-19 e do agravamento da doença, por causa nova cepa considerada mais agressiva, tem colocado em risco ao atendimento do sistema de saúde. Além dos leitos, equipes de profissionais há relatos de dificuldades para se conseguir insumos, como anestésicos e até oxigênio. “Na última semana, alguns hospitais começaram a sentir dificuldades na compra de anestésicos. Os fornecedores que vinham entregando normalmente começaram a não entregar”, afirmou Flaviano Fleu Ventorim, presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa).
Há ainda relatos de problemas com a oferta de oxigênio feito por profissionais que atuam na linha de frente. Uma enfermeira que atua em Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Curitiba, em condição de que seu nome não fosse revelado, relatou problemas em relação a falta de equipamentos. “Lá na UPA estamos com um só oxímetro. Já pedimos mais, mas até agora nada. Então, quando precisamos do equipamento, temos de sair caçando, perdendo um tempo que pode ser precioso para o paciente e deixando de fazer outras coisas”, diz.