‘Homem-Aranha’ pede ajuda na Rua XV: esforço grande para se manter (Franklin de Freitas)

Quem gosta de histórias em quadrinho ou dos filmes inspirados nas HQs sabe que até mesmo os super-heróis, em algum momento, precisam de ajuda. E em Curitiba o Homem-Aranha está pedindo a contribuição da população. Há quatro meses marcando presença diariamente na fonte da Rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba, o artista João Ricardo Pagini divulgou recentemente nas redes sociais um apelo para que a população valorize a arte de rua, além de ter criado uma vaquinha virtual para conseguir juntar dinheiro e comprar uma máquina de algodão-doce.

A postagem, feita na terça-feira por João no grupo de Facebook “Não Recomendo / Recomendo em Curitiba !!!” ganhou repercussão rapidamente. Até o final da tarde de ontem já eram quase 3 mil curtidas e mais de 500 comentários, a maior parte deles incentivando o artista a continuar com seu trabalho na rua. Um trabalho que teve início há cerca de três anos, quando ele ainda vivia em Santa Catarina (na capital Florianópolis) e tinha o cosplay apenas como um hobby.

“Fui conhecer o trabalho como artista de rua quando um amigo que já fazia esse tipo de trabalho me chamou para ir um dia com ele. Na época, era eu de Capitão América e ele de Homem-Aranha. Depois comecei a trabalhar sozinho e fui conhecendo mais a arte de rua”, diz o artista, que quase todos os dias (as exceções são dias de chuva ou muito frio) está na Rua XV, na fonte de água em frente à loja da C&A, das 12 às 18 horas. “Estou fazendo o que eu gosto, que é trabalhar com essa arte.”

Segundo João, desde crianças até adultos se divertem com seu trabalho. São os pequenos, porém, que se encantam mais, se deixam envolver mais pela magia da arte (e pelas teias da aranha, neste caso). “Quando as crianças me veem de Homem-Aranha, elas enxergam o super-herói mesmo ali na frente. Eu converso com elas, dou um abraço, um incentivo. Isso me fascina, me encanta, me traz emoção”, comenta o Peter Parker das araucárias.

Qualquer contribuição é bem vinda, até mesmo “um obrigado” vale a pena
Por seu trabalho, João não faz qualquer tipo de cobrança. O que ele pede são contribuições, doadas de coração e de acordo com o valor que qualquer um puder doar. “Um ‘obrigado’, muitas vezes, já é importante. Uma palavra amiga, uma palavra educada, um abraço… Já ganhei meu dia”, explica o artista, destacando, ainda, que o que ele faz não é caridade, mas um trabalho, efetivamente.

“Muitas pessoas não entendem que o meu trabalho é uma arte e que é um trabalho. É um esforço grande estar aqui, tenho que descansar bem no dia anterior, muitas vezes não como nada antes de sair e enquanto estou aqui não como nem bebo nada, para não precisar ir no banheiro. É muito cansativo ficar de pé, fazendo as posições.”

Quem quiser e puder ajudar, pode encontrar o Homem-Aranha na Rua XV, de segunda a sábado. Além disso, o artista também está pedindo contribuições pelo PIX ([email protected]) e criou uma vaquinha virtual (www.vakinha.com.br/3130601) para poder comprar uma máquina de algodão-doce. “Ontem já tinha conseguido metade do valor que preciso e hoje vi que entrou mais um tanto. É muito gratificante quando as pessoas reconhecem seu trabalho. E a arte na rua é o meu trabalho, a minha vocação”, comemora João.