Vereador Bruno Pessuti trouxe ao plenário o debate sobre o controle dos borrachudos em Curitiba. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Em votação simbólica, nesta segunda-feira (13), a Câmara Municipal de Curitiba aprovou uma sugestão dos vereadores Bruno Pessuti (PT) e Sidnei Toaldo (Patriota) para combater aquilo que eles chamaram de “uma infestação de borrachudos” na cidade. Os parlamentares recomendaram à Prefeitura de Curitiba o uso de larvicidas nos corpos d’água e de armadilhas de luz ultravioleta para reduzir a população do mosquito. “O borrachudo se tornou o maior inimigo das atividades ao ar livre em Curitiba. Necessitamos de um tratamento de choque, antes que apareçam aqui doenças das quais o simulium é vetor”, alertou Pessuti.

O assunto virou notícia no fim da semana passada, quando os vereadores anunciaram nas redes sociais que trariam a discussão para dentro da Câmara de Curitiba. “É um problema muito sério. Estive na semana passada no Bosque da Uva e no restaurante Cascatinha e as pessoas me cobravam desse assunto”, relatou Sidnei Toaldo, em resposta a comentários que circularam na internet. Alexandre Leprevost (Solidariedade) concordou com os colegas, acrescentando que atualmente os borrachudos têm surgido longe de corpos d’água e de áreas com grama. “Se temos uma solução [biocidas e armadilhas], precisamos exigir ela do Município”, defendeu.

“Estamos pedindo que a prefeitura utilize produtos naturais [como biocidas], que quando aplicados de maneira concentrada nos rios e lagos, por exemplo, ele mata a larva”, explicou Bruno Pessuti. A armadilha de luz, citada na sugestão (205.00062.2023), atrai os mosquitos para uma fita adesiva, onde ficam presos. “O borrachudo praticamente não tem mais predador natural, porque os nossos rios não estão nem totalmente poluídos, para as larvas não se criarem, nem limpos para que sapos, lambaris e libélulas façam o controle da população”, completou o parlamentar.

O vereador Professor Euler (MDB) dividiu com o plenário que, em fevereiro, enviou um pedido de informação à Prefeitura de Curitiba questionando a quem caberia o controle dos borrachudos, quais estratégias estavam em uso e se o Executivo tinha informações sobre as áreas mais afetadas (062.00097.2023). O parlamentar lamentou que as perguntas tenham sido encaminhadas à Secretaria Municipal de Saúde, que respondeu ao pedido com informações genéricas sobre o mosquito e depois afirmou que o manejo de superpopulações cabia à pasta de Meio Ambiente, em vez de encaminhar o ofício ao órgão adequado. “Apesar disso, fica claro que, a longo prazo, a educação ambiental é a opção para conter o aumento dos borrachudos”, disse.

“Eu vi comentários desagradáveis [nas redes sociais sobre a proposta de conter a proliferação dos borrachudos], mas é um assunto de suma importante e é problema, sim, da Câmara de Vereadores, cobrar o controle [dessa praga]”, afirmou Rodrigo Reis (União), em apoio aos colegas. Ele relatou ter um filho “extremamente alérgico a picadas de mosquito” e que está preocupado com o aumento dos borrachudos “nos últimos dois anos”. Mauro Ignácio (União) se somou aos defensores da sugestão, lembrando que antes de 2010 “tinha pulverização dos córregos”, para combater os mosquitos, mas que isso foi interrompido, segundo o parlamentar, na gestão do ex-prefeito Gustavo Fruet.

Mudanças climáticas
Nori Seto (PP) pediu e o plenário concordou em endossar a requisição para que a Prefeitura de Curitiba crie um grupo intersetorial com os municípios da região metropolitana para formular “ações concretas de combate às mudanças climáticas e ao efeito estufa” (205.00067.2023). “Entendo que é preciso discutir isso com as outras cidades da região. Já existem grupos locais e estaduais, mas sem essa integração”, justificou o parlamentar.

Já Sidnei Toaldo viu a CMC apoiar seu pedido para que o Executivo faça a roçada e construa calçadas na rua Francisco Dallalibera, na regional de Santa Felicidade (205.00057.2023). “É uma das principais ruas de ligação da região, servindo para desafogar o trânsito. Se não der para construir calçadas nos dois lados da via, pelo menos um é importante. Estou em conversas com o deputado federal Luciano Ducci para buscar recursos para essa obra”, antecipou o vereador.
Apesar de não serem impositivas, as indicações aprovadas na CMC são uma das principais formas de pressão do Legislativo sobre a Prefeitura de Curitiba, pois são manifestações oficiais dos representantes eleitos pela população e são submetidos ao plenário, que tem poder para recusá-los ou endossá-los. Por se tratar de votação simbólica, não há relação nominal de quem apoiou a medida – a não ser os registros verbais durante o debate, que ficam disponíveis à população no canal do YouTube ou nas notas taquigráficas.

Perfil no Instagram

E na semana passada, os curitibanos indignados com a infestação dos borrachudos criaram um perfil no Instagram para compartilhar as péssimas experiências com o inseto e exigir providências do poder público.

No perfil, há relatos como do dono de uma academia de tênis, que precisa distribuir repelente para os atletas conseguirem treinar. Há também apontamento de rios e locais com grande concentração de borrachudos. “Moro no Pilarzinho e sinto que de uns anos pra cá realmente está impossível passar tempo ao ar livre sem se incomodar com os borrachudos. Na escola, no parque e até na Igreja já fui picada, mesmo tomando banho de repelente. As crianças são as que mais sofrem, tem reações alérgicas e fazem feridas no local da picada. A situação exige providências coletivas, já não é uma questão individual”, afirma uma das seguidoras do perfil https://www.instagram.com/borrachudoscuritiba/.

Os mais afetados são os moradores dos bairros Santa Cândida, Boa Vista, Bacacheri, Barreirinha, Cabral, Juvevê, Ahú, Bom Retiro, São Lourenço, Cachoeira, Vila Tingui, Atuba, Taboão, Pilarzinho e Abranches.