Justiça do Paraná aceita reabrir caso Evandro após novos áudios

Novo julgamento deve acontecer a partir de 14 de setembro

Redação Bem Paraná
Caso Evandro

O menino desaparecido (Foto:Arquivo Pessoal)

A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), por três votos a dois, acatou na última quinta (24), a reabertura do Caso Evandro. O pedido de revisão criminal foi feito pela defesa dos réus Davi dos Santos Soares e Osvaldo Marcineiro com base de áudios, que indicam uma provável tortura cometida por autoridades policiais contra os acusados.

Os primeiros áudios continham confissões do crime e serviram de base para as condenações. O jornalista Ivan Mizanzuk, que investigou o Caso Evandro por anos e o transformou em podcast e série documental da Globoplay, obteve versões inéditas das fitas mostrando a tortura.

Beatriz Abagge

Outra acusada do caso, Beatriz Cordeiro Abagge, teve o mesmo pedido negado pela 2ª Câmara Criminal do TJPR em março deste ano. Porém, os advogados dela vão pedir que ela seja incluída na mesma revisão criminal.

Quando será o julgamento?

A previsão é de que o julgamento seja retomado a partir do dia 14 de setembro pela Justiça do Paraná.

Para entender o caso

O desaparecimento

Evandro Caetano, de 6 anos, desapareceu em abril de 1992, em uma época em que várias crianças sumiram na região, gerando um clima de pânico social. Sua mãe permitiu que ele fosse sozinho à escola, a 150 m de sua casa. Cinco dias depois, o corpo da vítima foi encontrado com mutilações e sem as vísceras e órgão internos.

As investigações

A Polícia Civil e o Grupo Águia da Polícia Militar do Paraná seguiram uma linha de investigação levantada por um ex-investigador de polícia, desafeto político dos Abbage, que apontou Celina, então primeira-dama da cidade, sua filha Beatriz e outras cinco pessoas como autores do crime em um ritual de sacrifício. Os acusados passaram a ser conhecidos como “bruxos de Guaratuba”.

A denúncia

Os sete acusados foram denunciados por homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver pelo MP do Paraná. Foi acatada a tese da investigação de que a criança teria sido utilizada em um ritual de magia negra para obtenção de benefícios materiais junto a espíritos satânicos.

Julgamento e condenações

O primeiro julgamento de Celina e Beatriz, em 1998, durou 34 dias e é o mais longo da história da Justiça brasileira. No veredicto elas foram consideradas inocentes, mas o júri foi anulado um ano depois. Em maio de 2011, dois dos acusados, Sérgio Cristofolini e Airton Bardelli dos Santos, foram absolvidos e os demais foram condenados. Celina, então com mais de 70 anos, não foi a julgamento devido à prescrição do crime.

Reviravolta no caso

Em 2018, o jornalista e professor universitário Ivan Mizanzuk investigou o caso e conseguiu os áudios originais do interrogatório das vítimas, expondo falhas na investigação e indícios de que a confissão dos acusados foi arrancada sob tortura. As descobertas foram descritas no podcast Projeto Humanos, de Mizanzuk, e serviram de base para o pedido de revisão criminal do caso.