Aumentam denúncias de assédio eleitoral no trabalho no Paraná

Empresa do PR teria ameaçado com demissões em caso de vitória de Lula

Da Redação

Abstenção foi menor no segundo turno (Franklin Freitas)

O Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR) tem recebido muitas denúncias de assédio eleitoral contra empresários que estariam tentando coagir trabalhadores a votar nos candidatos de interesse da classe. Nesta quinta-feira (6), o órgão anunciou a abertura de uma investigação contra a Concrevali, uma empresa da área de construção de Jardim Alegre (região Central do Estado), que ameaçou demitir 30% dos seus funcionários caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença o segundo turno das eleições presidenciais. A informação foi revelada pela coluna “Painel S/A”, do Uol.

A empresa Concrevali teria feito essa ameaça através de um comunicado divulgado esta semana. “Diante da atual instabilidade política e possível alteração de diretrizes econômicas no Brasil após os resultados prévios do pleito eleitoral deflagrado em 2 de outubro e, em se mantendo este mesmo resultado no 2º turno, a empresa deverá reduzir sua base orçamentária e o número de colaboradores para o próximo ano em pelo menos 30%, consequentemente o que afetará o nosso poder de compra e produção, desencadeando uma queda significativa em nossos números”, diz o documento, divulgado.

De acordo com o Uol, o texto parece ter sido copiado de um outro comunicado que circula nas redes sociais desde segunda-feira, divulgado por outra empresa, a Stara, do Rio Grande do Sul. A diferença é que a Concrevali adiciona a ameaça de demitir 30% dos funcionários.

Procurada a empresa alegou que alguns de seus parceiros romperam contratos após o resultado do primeiro turno. Afirmam, no entanto, que não há a intenção de intimidar seus funcionários.

O MPT informou ter aberto um inquérito civil para investigar o caso, e que uma audiência sobre o assunto está marcada para a próxima terça-feira. O Diretório Regional do PT do Paraná informou que entrou com pedido de providências junto ao órgão contra os empresários Paulo Sérgio Maciel e Paulo Henrique Santos Maciel, sócios da empresa Concrevali. Segundo o partido, a publicação da empresa tem “a intenção explícita é coagir os funcionários para que votem no candidato Jair Bolsonaro”.

De acordo com o PT, o caso remete a outros que vem aparecendo no Brasil e se enquadram no crime de coação eleitoral. “No Pará, por exemplo, um empregador promete dinheiro se o candidato da situação vencer. No Rio Grande do Sul foi registrado um outro caso utiliza o mesmo argumento da empresa paranaense: utilizam ameaças graves para coibir alguém a votar em linha com o que o empregador definiu”, explica o partido.

Em nota conjunta publicada na noite desta quinta-feira (6), o Ministério Público do Trabalho no Paraná, o Ministério Público do Estado do Paraná e o Ministério Público Federal, por meio da Procuradoria Regional Eleitoral no Paraná, afirmaram que qualquer prática que tenda a excluir ou restringir a liberdade de voto dos trabalhadores é ilícita. “Ameaças a trabalhadores para tentar coagir a escolha em favor de um ou mais candidatos ou candidatas podem ser configuradas como prática de assédio eleitoral e abuso do poder econômico do empregador, passíveis de medidas extrajudiciais e/ou judiciais na esfera trabalhista e criminal”, diz a nota.

Nesta sexta-feira (7), em Curitiba, haverá um “Ato contra o Assédio Eleitoral”, na sede do MPT. Devem participar do ato centrais sindicais, federações de trabalhadores, bem como sindicatos e profissionais das mais diversas áreas.