Franklin de Freitas – “u00c9lcio Perin

“Fran – A Menina da Janela”, “Bolota”, “Mr Bim”, “Urso”, “Pó Royal”, “O Máscara”, “Fabão Potência” e “Boca Aberta Júnior”. Esses são apenas alguns dos muitos nomes engraçados, curiosos e excêntricos que o eleitor paranaense poderá encontrar nas urnas eletrônicas nas eleições de outubro próximo. São os candidatos que, muitas vezes, exploram apelidos pelos quais são conhecidos entre amigos e familiares como estratégia alternativa de marketing eleitoral para tentar atrair o voto de protesto. Para os especialistas, porém, esse tipo de estretégia pode até chamar a atenção do eleitorado, mas raramente garante votos suficientes para alguém se eleger. 

O candidato a deputado estadual Élcio Aparecido Perin, o “Mister Bim” (PRTB), por exemplo, usa a suposta semelhança física com o personagem de comédia britânica “Mr. Bean” (Rowan Atkinson) para tentar se destacar entre os 761 candidatos à Assembleia Legislativa. Para compor ainda mais a imagem, ele é motorista de táxi em Curitiba, o que reforça a referência ao personagem inglês, que dirige um Mini Cooper amarelo.

“O pessoal entra no táxi e começa a procurar câmera achando que é pegadinha. Tem gente que pede foto, eu desço do carro tiro foto, e tem gente que fica com vergonha de pergunta”, conta o candidato. Ele garante, no entanto, que sua campanha é séria. “Eu tenho uma leve semelhança com ele e vai ajudar a me projetar na minha campanha. Eu já gravei meu programa eleitoral. Eu digo “oi, você lembra de mim, brincadeira é só do personagem Mister Bim. Com Elcio Perin a coisa é séria. Lutarei em prol da redução pedágio, reinício de obras paradas e saúde preventiva. Se você é desonesto, nem procure e nem vote em mim, porque eu sou o Mister Bim”, adianta. 

Elcio afirma que mudou o nome do personagem para ficar mais inteligível aos eleitores brasileiros. “Para colocar o “Bim” brasileirado mesmo. Pessoa mais simples assim não entende. E para fugir de alguma coisa de plágio. Em 2006 outro candidato ligou no comitê e ameaçou processar por causa da foto. Mas a foto era minha mesmo”, diz o taxista.

Diversão
Os candidatos sem muitos recursos ou que não construíram base eleitoral por representatividade apelam para uma marca forte na campanha. Os partidos incentivam as candidaturas de personagens nas coligações proporcionais, entre outros motivos, porque mesmo que não se elejam costumam angariar votos, além de torna o horário eleitoral “um pouco mais divertido”, fazendo que os eleitores tenham um motivo a mais para não desligar a televisão ou o rádio. O próprio Mister Bim usa seu espaço para divulgar o nome do candidato a deputado federal com quem faz dobradinha. Ele conta que o parceiro retribui com “ajuda na campanha”. “Ele tá me apoiado”, revela.

Fake
No entanto, o especialista em marketing eleitoral, Marcelo Vitorino, acredita que a maioria não tem uma estratégia complexa envolvida na escolha. “As vezes ele é conhecido por esse nome, é o Tião da Farmácia, o Zé do Posto. Não é nem mais para chamar atenção. Geralmente é nome de conhecido”, aponta. Sobre atrair votos para chapa ou associar a outros candidatos, Vitorino acredita que a prática não seja comum. “É fraude eleitoral se ele não for candidato para valer. É um risco. Se ele não tiver voto. Não recomendo. Mas depende, se for candidato fake é bem provável. É raro um partido fazer isso”, aponta.

Entre os que pegam carona com celebridades estão Cazuza (Mauri Padilha) (PSDB), Zé Ramalho (Guimar da Silva) PHS) e Zico (Edenilso da Silva) (PT). Também merecem destaque no quesito o “Pó Royal (PSC)”, o “Pr Luiz Alcione / O Máscara (PSC)” e “Luiz com Z (PROS)”.

Nomes artísticos também são comuns

Comunicadores, profissionais de TV e rádio, aproveitam nomes artísticos, como “Fabão Potência” (PMN), que já usava o nome em seu marketing profissional. “Sou locutor comercial de rodeio e comentarista de rádio. Eu sou muito sério no que eu faço. Toda vida coordenei campanhas, nunca trabalhei exclusivamente pra mim. O povão fala com o Fabão. Eu acho que não, nem minha família me conhece Fabio Rodrigues”, conta o ex-locutor da Rádio Integração AM Corbélia.

Na mesma linha está o apresentador de TV da Rede Massa de Medianeira, Flavio Ferrari “Faca na Bota” (PSC), de 32 anos, representante comercial do SBT no Oeste do Estado. Seu patrão, o deputado estadual licenciado Ratinho Junior (PSD), candidato ao governo do Paraná, é o símbolo maior dos nomes caricatos das eleições deste ano. 

Entre os principais candidatos, o filho do apresentador Carlos Massa, Ratinho do SBT, tem chances reais de se tornar governador. O apelido lhe rende votos, mas também rejeição. Esta é a segunda eleição em que ele tenta destacar o nome “Carlos Massa” antes do apelido Ratinho Jr para passar mais seriedade. No mesmo ramo está Cobra Repórter (PSD), que tenta reeleição, Guilherme da Rádio (PATRI) e Caetano do Rádio (PRP) e também Tabajara do Site (PPS).