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Eduardo Bolsonaro (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, conversaram na noite de segunda-feira (13) para acalmar os ânimos após o novo episódio de troca de farpas entre os dois. O entendimento é que eles têm divergências, mas que seria melhor evitar embates públicos. Segundo relatos, este capítulo foi encerrado. Por enquanto.

Nogueira tomou a iniciativa de procurar o filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro. O senador também tem dito que a direita deve focar ataques ao Lula, não um contra o outro. A aliados, ele afirma que tem discordâncias no método com Eduardo. Contudo, diz que entende sua situação e não brigará com o filho do ex-presidente.

Apesar disso, aliados acreditam que essas divergências devem continuar enquanto houver indefinição sobre a candidatura de direita em 2026 – motivo real da disputa entre o ex-chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL) e seu filho deputado. A expectativa é de que, quando houver uma decisão do ex-presidente, seus filhos a respeitarão, ainda que discordem.

Últimos ataques

Desta vez, o desentendimento se deu porque o presidente do PP disse, em entrevista à Band na noite de domingo, que a atuação de Eduardo nos Estados Unidos trouxe um “prejuízo muito grande” para o grupo político.

O filho do ex-presidente, por sua vez, retrucou nas redes sociais que o prejuízo seria apenas pessoal ao senador e que ele próprio estaria fazendo sacrifício por seu país.

“Não tenho dúvida de que houve um enorme desprendimento pessoal de sua parte. Quanto a mim, tenha certeza de que não tive nem terei nenhum prejuízo pessoal”, disse Nogueira. “Você sabe a distância entre o que falam de nós e a realidade. Nunca quis ser nada além do que sou. Com uma outra forma de ver, o que me interessa também é o Brasil”.

Eleições 2026

O pano de fundo da discussão sobre atuação no tarifaço é a eleição de 2026. Há uma disputa pela sucessão eleitoral de Bolsonaro – em prisão domiciliar e condenado a 27 anos e três meses de prisão.

Eduardo, que está nos Estados Unidos e sem previsão de voltar ao Brasil, passou a falar em se lançar candidato e ataca iniciativas de encontrar sucessores ao pai, como no caso do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo.

Ele tem sido crítico do centrão, que deu sustentação ao governo de seu pai, e defende que o candidato deve ser Bolsonaro, que está inelegível. Eduardo também tem insistido que a única saída para evitar novas sanções do governo de Donald Trump a autoridades é por meio da aprovação do projeto de anistia aos condenados dos ataques golpistas de 8 de Janeiro, incluindo o ex-presidente.

Ciro, por sua vez, tem defendido publicamente que hoje o nome do Tarcísio é o mais viável para derrotar o presidente Lula (PT). Ele também aparece como um dos possíveis nomes para ocupar eventual posto de vice na chapa do governador. Por isso Eduardo mencionou “plano pessoal”.

Tarifaço

Desde a imposição das tarifas comerciais ao Brasil, Lula tem melhorado nas pesquisas e desponta agora como favorito na busca pela reeleição -o que tem preocupado dirigentes de partidos da direita e o que levou Ciro a tecer críticas à atuação do deputado na entrevista de domingo.

Diante desse novo cenário, o governador de São Paulo entrou numa onda de desânimo com a possibilidade de se lançar ao Palácio do Planalto nas últimas semanas. Além disso, segundo auxiliares, a postura do filho do ex-presidente também o desencoraja a se lançar na empreitada -que ele nega ter interesse.

Tarcísio só deixará a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes se o ex-presidente pedir que ele se lance à Presidência, segundo aliados.

Havia, inicialmente, uma expectativa de que o ex-presidente e sua família estariam mais abertos para discutir sucessão eleitoral com a proximidade do fim do ano.

Mas, condenado, preso e com quadro de saúde prejudicado, Bolsonaro não tem demonstrado abertura para essas discussões, segundo relatos. Já os filhos têm ideias diferentes para o futuro político do clã.

Hoje interlocutores do ex-presidente acreditam que ele estará aberto a discutir essa possibilidade após a análise do Congresso do projeto de lei da anistia ou da redução de penas, o que aumentaria a chance de garantir a ele a permanência em prisão domiciliar.