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(Foto: Lula Marques/ Agência Brasil)

O senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) e o ex-procurador e deputado federal cassado, Deltan Dallagnol (Novo) reagiram ontem com críticas à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, que na terça-feira anulou todas as provas dos processos contra o ex-governador e deputado federal Beto Richa (PSDB) nas operações da Lava Jato, Rádio Patrulha, Piloto, Integração e Quadro Negro. Toffoli acatou os argumentos da defesa de Richa segundo os quais houve “conluio” entre Moro e os procuradores que atuaram nessas operações, que resultaram em três prisões do tucano em 2018.
Moro negou conluio com os procuradores para atingir o ex-governador. “Na Lava Jato, decretei, a pedido do MPF, a prisão preventiva do ex-chefe de gabinete do ex-governador Beto Richa diante de provas apresentadas de pagamento de suborno em obra estadual. Nenhuma medida coercitiva foi decretada por mim contra o agora deputado e desconheço qualquer ação coordenada nesse caso ou em qualquer outro, bem como qualquer medida direcionada a incriminar alguém falsamente”, disse o senador.
Já Dallagnol considerou a decisão de Toffoli ilegal. Segundo o ex-coordenador da Lava Jato, a decisão que abrange processos tanto do Ministério Público Federal quanto do Ministério Público Estadual, incluindo operações distintas da Lava Jato, é “desprovida de qualquer fundamentação jurídica”.
Na avaliação do deputado cassado, “há uma ausência total de fundamentação sobre o alegado conluio entre a acusação e o juiz na operação Lava Jato”, pois a decisão “não entra em detalhes sobre a natureza ou as bases desse conluio”. Ele questiona ainda se teria havido coluio por parte de “outros juízes, desembargadores e ministros de tribunais superiores, principalmente porque muitos dos casos em questão foram conduzidos por outros juízes que não são Sergio Moro”, o que mostra a fragilidade das alegações de conluio e a ilegalidade da decisão.
Dallagnol critica ainda o fato dele, Moro e outros promotores não terem sido ouvidos no processo. E de não ter havido manifestação da Procuradoria-geral da República sobre o caso.
Ação coordenada – Na decisão, Toffoli destacou uma citação de Richa, que fala que houve atuação ilícita na Lava Jato, e que diálogos obtidos na Operação Spoofing evidenciaram uma “atuação coordenada entre a força tarefa e o ex-juiz Sergio Moro, na tentativa de incriminar o requerente mesmo antes de haver denúncias formuladas contra ele no âmbito das Operações Integração e Piloto”. “Revela-se incontestável o quadro de conluio processual entre acusação e defesa em detrimento de direitos fundamentais do requerente, como, por exemplo, o due process of law [devido processo legal], tudo a autorizar a medida que ora se requer.”