Vereador de Curitiba quer a bíblia sendo usado como material paradidático nas escolas

Rodolfo Kowalski
escola

Uso da Bíblia como material paradidático não seria compulsório, diz projeto de lei em discussão na Câmara de Curitiba. (Foto: Arquivo/CMC)

Um projeto de lei que tramita na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) quer permitir o uso facultativo da bíblia como material paradidático nas redes pública e privada de ensino de Curitiba. A iniciativa, de autoria do vereador Zezinho Sabará (PSD) em parceria com Meri Martins (Republicanos) e Fernando Klinger (PL), teria como intuito permitir o uso do livro religioso como apoio didático nas disciplinas de História, Literatura, Filosofia, Artes e Ensino Religioso, respeitando os projetos pedagógicos de cada unidade escolar.

“A proposta não se confunde com o ensino religioso confessional, tampouco visa privilegiar qualquer crença”, destacam os autores do projeto, ressaltando ainda que a utilização do material será facultativa, sem aplicação obrigatória ou imposição aos estudantes (005.00338.2025).

Na justiticativa à proposição, Zezinho também afirma, para argumentar em favor do uso do livro religioso nas escolas, que “a Bíblia é considerada um dos livros mais influentes da humanidade, com profundo impacto na formação de civilizações, na produção literária e no pensamento filosófico ocidental”.

Uso da Bíblia dependerá de cada unidade escolar

Ainda conforme o texto proposto, o uso da Bíblia deve ocorrer com enfoque cultural, literário e filosófico, respeitando a liberdade religiosa e os princípios constitucionais da laicidade do Estado. As instituições de ensino poderão decidir, de acordo com seus projetos pedagógicos, se irão adotar ou não o conteúdo como recurso complementar.

“O projeto visa enriquecer o processo de ensino-aprendizagem com um instrumento de valor histórico e cultural, e sua aplicação se dará sem imposições ou avaliações obrigatórias”, afirmam os parlamentares na justificativa. A proposta também ressalta que outras obras de natureza similar não estão excluídas, nem há exclusividade conferida à Bíblia, o que, segundo os autores, “respeita os princípios da isonomia, liberdade religiosa e autonomia pedagógica”.

Projeto está em análise pelas comissões

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) já analisou a matéria e emitiu parecer favorável à sua tramitação. No relatório, a comissão afirmou que não há vício de iniciativa nem interferência na estrutura da administração pública, uma vez que a proposta apenas autoriza o uso do material e não impõe obrigações ao Executivo. O relator na CCJ, Da Costa (União), também afastou qualquer afronta ao princípio da laicidade, destacando que o uso da Bíblia não terá caráter religioso, mas cultural e interdisciplinar.

O projeto de lei segue agora para análise da Comissão de Educação, Turismo, Cultura, Esporte e Lazer. Se aprovado nas comissões, estará à disposição para ser incluído na pauta de votações em plenário.