Pisar no gramado de um estádio de Copa do Mundo já era uma realização de um sonho para Richarlison. Marcar dois gols, então, é muito mais do que sonhava o capixaba de 25 anos, natural da pequena Nova Venécia. Carismático e quase sempre de bom humor, o atacante retribuiu com gols a confiança de Tite e provou que foi acertada a escolha do técnico em lhe dar a tão simbólica e importante camisa 9 do Brasil.

O “Pombo”, como é carinhosamente apelidado, quebrou uma espécie de maldição da camisa 9 da seleção brasileira ao marcar os dois gols do triunfo sobre a Sérvia na estreia do Mundial. Eram nove jogos em que um centroavante com o número tão tradicional nas costas não marcava pelo time pentacampeão.

Após o apito final, um emocionado Richarlison exaltou o fato de poder disputar a Copa, após quase perdê-la por lesão, e destacou o trabalho da seleção brasileira. “Um sonho de criança realizado. Há quatro semanas, eu estava chorando, na dúvida de vir”, relembrou à TV Globo na entrevista após a partida. “Valeu o esforço da minha recuperação. Eu tratava três períodos por dia e valeu o esforço da recuperação.”

“Tivemos uma boa partida ao meu ver, principalmente no segundo tempo, onde o adversário cansou e conseguimos tirar vantagem. No intervalo, falei que só precisava de uma bola para finalizar, e ela chegou. Já fiz um parecido nos treinos. Espero continuar assim, focado, e buscar mais”, acrescentou.

Fred havia sido o último camisa 9 a marcar na vitória por 3 a 1 sobre Camarões na Copa de 2014, no Brasil. Ele passou em branco nas partidas seguintes. Gabriel Jesus foi menos efetivo ainda e deixou o Mundial da Rússia sem balançar as redes uma vez sequer. O primeiro foi chamado de “cone”, e o segundo virou Gabriel “Jejum.”

Richarlison não é o mais técnico dos centroavantes, mas compensa no esforço e no faro de goleador. Além disso, quando veste a amarelinha parece se transformar. Ele mesmo disse considera jogar melhor pela seleção do que nos clubes em que passou, incluindo o Tottenham, sua atual equipe.

O centroavante, com seus dois gols no Lusail, deixou Neymar para trás e se tornou o artilheiro da seleção brasileira no ciclo que termina na Copa do Catar. Agora são 19 bolas na rede em 39 partidas que lhe renderam prestígio com Tite e a convocação para participar de seu primeiro Mundial na carreira.

CARREIRA
Para chegar ao sucesso de hoje em dia, Richarlison passou por diversas divisões do futebol brasileiro em mundial. Começou sua carreira em 2015, no América Mineiro, e foi destaque da Série B do Brasileirão logo em seu primeiro ano.

Em notoriedade, se transferiu para o Fluminense no ano seguinte, onde jogou de 2016 a 2017, rapidamente assumindo a titularidade na Série A e chamando atenção dos grandes da Europa. O atacante é, inclusive, alvo de disputas judiciais entre os clubes. Em 2018, os mineiros cobraram cerca de R$ 5 milhões devidos à uma das parcelas de venda, em caso que chegou a bloquear as contas do tricolor carioca.

Em 2019, o Corinthians assumiu o restante da dívida – que envolvia direitos econômicos da transferência de Richarlison ao Watford, da Inglaterra ao contratar o volante Richard do Fluminense, onde os valores de venda foram “repassados” aos paulistas. Três anos depois, em 2022, ela foi quitada.

Na Europa, destacou-se com rapidez no Watford, time que não está entre os grandes, mas que é bem visto como “vitrine”. E foi o caso do Pombo: um ano depois, ele foi contratado pelo Everton, tradicional equipe inglesa, e lá viveu o auge de sua carreira, com mais de 50 gols marcados e a titularidade absoluta.

Recentemente, no meio de 2022, transferiu-se ao Tottenham e está começando a construir sua carreira lá. Na seleção brasileira, assumiu a posição de centroavante, após anos de ponta, e é bem visto por Tite pelo seu faro de gol: até o momento, são 19 gols pela Canarinho, contando os dois contra a Sérvia.