Desempenhos anêmicos da produção industrial, das vendas no varejo e do volume de serviços resultaram na queda da atividade econômica em agosto, à razão de 0,38% na comparação com julho, segundo o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), “prévia” do PIB (Produto Interno Bruto) divulgada nesta quarta-feira (18). O dado vem aquém do esperado, mas tem a influência de ajuste sazonal e não indica necessariamente que o cenário voltou a se deteriorar.

O relatório de outubro do Credit Suisse, um dos mais abrangentes do mercado, aponta também para um recuo nas expectativas, mas apresenta dois panoramas distintos. O primeiro retrata os índices desfavoráveis à avaliação da política brasileira e o segundo reporta novas curvas, ainda que tímidas, de diversos indicadores econômicos. Os destaques positivos são aqueles que refletem as ações empresariais, da iniciativa privada.

A evolução da balança comercial, impulsionada pelas exportações do setor primário, a retomada da produção industrial, com destaque para os bens de capital, e os novos indicadores da curva de serviços são fatos concretos que têm contribuído para uma retomada gradual do PIB brasileiro.

Em paralelo à divulgação de índices e às avaliações do mercado, uma nova agenda começa de fato a ocupar o dia a dia de altos dirigentes, acionistas e conselheiros. Estes personagens, geradores de boa parte da riqueza da nação, estão colocando de lado a pauta política de Brasília, ocupada por temas que enojam e que em nada contribuem para o grande projeto de país que precisamos.

Estamos falando do descolamento entre o mundo dos negócios e o mundo político.

Tão importante quanto os avanços, embora tímidos, dos indicadores positivos da economia, é a maturidade deste movimento e a força que ele ganha. Os tempos são outro, os erros do passado serviram de lição, os desmandos e a convivência errática nas relações com os entes governamentais mudaram de patamar.

A dependência anteriormente patrocinada, a forma de se relacionar com o estado, o incentivo fiscal como alavanca, o lobby como proteção, o patrocínio de políticos e a doentia busca por troca de favores e benefícios são temas que hoje são debatidos no mundo empresarial num outro nível. Ótimo que assim seja!

Neste contexto, os maus exemplos de não governança das empresas estatais, dos fundos de pensão, das empreiteiras, dos bancos públicos e de tantos outros fornecedores do governo tem inegavelmente contribuído para a construção de um novo modelo de governança no setor privado.

Independentemente do porte e natureza societária das empresas, da sua origem de capital ou do setor onde atuem, ganham ritmo a instalação das boas práticas de Governança Corporativa, ou mesmo a revisão do modelo de Governança já instalado e consequentes programas de melhorias.

De temas que vão da elaboração de um bom Acordo de Acionistas, de um bom Código de Conduta à criação de áreas de Integridade, passando pelo necessário mapeamento de riscos e introdução de áreas de Inovação & Competitividade, várias ações estão sendo empreendidas nas organizações.

Novos tempos, novos desafios, novas práticas. É disto que precisamos para a construção de um novo modelo empresarial. É o mundo real, da produção, da geração de empregos e de riqueza puxando a agenda.

Gino Oyamada é sócio-gerente da 3G Consultoria – Governança, Gestão e Gente