Instituído no Brasil em 1967, no dia cinco de agosto é comemorado o Dia Nacional da Saúde. A data foi escolhida em homenagem ao nascimento de Oswaldo Cruz (1872-1917), médico sanitarista pioneiro no estudo e tratamento das doenças tropicais. Vale sempre lembrar que foi este corajoso médico que, debaixo de protestos populares, coordenou as campanhas de combate à febre amarela, à varíola e à peste bubônica no Rio de Janeiro. O objetivo é que a data conscientize a população e os gestores públicos sobre questões que afetam a saúde e a qualidade de vida da população.
Diferentemente da percepção da população do início do século XX, que num primeiro momento se revoltou com as medidas sanitárias de Oswaldo Cruz, percebemos que, de modo geral, as pessoas estão mais informadas sobre os cuidados com a saúde e a importância de uma vida saudável. Contudo, mesmo com esse maior conteúdo informacional e educativo disponível, vivemos em uma época em que tudo se tornou correria, estresse e falta de tempo. As pessoas pensam muito mais em conquistar uma estabilidade financeira diante de um cenário em que só se fala em crise, do que ter uma vida mais equilibrada em todos os sentidos.
Sabemos que as decisões políticas em tempos de crises econômicas têm efeitos muitas vezes indesejados na saúde pública. E as consequências da saúde sobre o desenvolvimento são claras. Os países com fracas condições de saúde e educação têm muito mais dificuldade de alcançar um crescimento sustentável. Para se ter uma ideia, uma melhoria de 10% na expectativa de vida da população está associada a um aumento do crescimento econômico de apenas 0,3 a 0,4 pontos percentuais por ano. Numericamente, uma porcentagem pequena para um benefício tão grande.
Além disso, muitas vezes o medo de uma crise, ou de perder o emprego, pode aumentar o estresse e o risco de transtorno psiquiátrico e suas sequelas somáticas. Junte-se a isso a diminuição do poder aquisitivo, que nos leva a reduzir os gastos e, muitas vezes, os cuidados com a saúde.
Por isso, neste Dia Nacional da Saúde, gostaria de incentivá-los a não se deixarem abater com as crises econômicas e seus fantasmas, e que busquem uma vida mais plena e saudável.
Resultado de um equilíbrio físico, orgânico e mental do nosso organismo, conquistado diariamente, há muito tempo saúde deixou de ser somente a ausência de doença. A saúde é um equilíbrio adquirido por meio de fatores como uma boa alimentação à base, principalmente de alimentos naturais e muita água, descanso, atividade física, cuidados com a higiene pessoal e momentos de lazer. Atitudes relativamente simples. No fim das contas, o cuidado com a saúde se efetiva a partir de nós mesmos, no dia a dia, com uma conscientização que perpassa qualquer crise econômica ou política.
Portanto, a saúde deve ser uma preocupação pública, mas também algo pessoal, intransferível, uma espécie de virtude necessária para a nossa realização como seres humanos.

Milton Zymberg é diretor do Laboratório Frischmann Aisengart