
O turfe necessita de novos heróis. Na verdade ele tem seus heróis, o que falta às vezes é o reconhecimento. Nos atentamos por diversas vezes a qualidade do animal e esquecemos do jóquei que faz de tudo em cima dele para conseguir a vitória. Seria o mesmo que na Fórmula 1 enaltecermos o carro da Mercedez e colocar em segundo plano Lewis Hamilton.
E um profissional que atua no Jockey Club do Paraná teve uma "semana de gala". Começou na quinta-feira, vencendo dois páreos no Hipódromo do Tarumã e terminou ontem, no Jockey Club de São Paulo. Montando a égua Richiesta, Zeferino Moura Rosa deu uma aula de direção e conquistou a vitória no Clássico Encerramento (Listed -SP) de maneira espetacular.
Mas antes, vamos falar do Tarumã, mais exatamente da quinta-feira. Montando Acelerador e Tricky Step, o "Miúdo" já havia demonstrado todo o talento que possui. Não é de hoje que os turfistas acompanham seu talento. Desde sua época como aprendiz ele sempre se destacou. Venceu importantes provas do calendário clássico brasileiro e hoje é muito requisitado por proprietários de todo o Brasil.
Um grande exemplo foi a semana dos "Bentos", onde ele montou sábado no Hipódromo do Cristal e no domingo estava em Recife para o Bento Magalhães. Sempre pilotando os animais treinados por seu irmão, Julio Cesar de Moura Rosa, novamente estava na pista na tarde de ontem. E fez a diferença.
Richiesta é uma égua muito boa, tem uma filiação espetacular e diversas colocações clássicas. Mas na tarde de ontem, se não fosse pelo talento de Zeferino ela perderia a prova. Ponteou durante toda a primeira metade do percurso, livrou vantagem para a então "diferença" Northern Town na entrada da reta e galopava rumo ao disco.
Mas eis que surgiu Zípora Redattore com muita ação na seta dos 200 metros finais para dominar a prova. E ela dominou Richiesta, chegando a abrir paleta de vantagem. O "locutor emoção" Roberto Casella, um dos – senão o – melhores do Brasil já dava como certa a vitória da égua que atropelava por fora. Mas nos 50 metros finais, Zeferino e sua pilotada protagonizaram um dos momentos mais bonitos da semana.
Sempre com o chicote na direita e alinhando a égua com a mão esquerda, Z.M.Rosa conseguiu reagir pelo lado de dentro e alcançar a rival nos metros finais. Ao cruzar o disco, ele, sempre contido nas vitórias comemorou muito. Um "comeback" espetacular por diferença de focinho na linha de chegada. Venceu Richiesta uma carreira inacreditável.
Tudo isso é fruto de trabalho. Quem chega aos trabalhos no Hipódromo do Tarumã vê Zeferino e seu irmão Julio desde muito cedo com os animais. Se você ficar até as 9 ou 10 da manhã, continuará vendo a dupla trabalhando seus cavalos, desde os "clássicos" até os potros. Tudo passa pelo amor a profissão, ao turfe e principalmente aos animais.
Uma vitória maiúscula não da égua, que é muito boa, mas do homem que estava em cima dela.
*Foto: Leopoldo Scremin para o Bem Paraná e sie ABCPCC por Marília Lemos.