
No dia 25 de dezembro comemoramos o aniversário de Jesus Cristo na religião católica. Claro que aqui não estamos para falar do significado religioso desta data, mas sim para relembrar um pouco do nascimento da "esperança". Pois sim, sem querer cometer heresias ou ofender a religião de quem quer que seja (mesmo porque vivemos em um Estado laico), esta data é comemorada por todos – independente de religião – como um momento de reflexão e esperança, afinal, há 2018 anos segundo o calendário romano "a esperança" nasceu para todos nós.
E neste dia 25 de dezembro paramos para pensar a respeito dos caminhos que o turfe brasileiro segue. Existem dois tipos de visão, a "do copo meio cheio" e a "do copo meio vazio". Ambas tem um fundo de razão, no entanto, com o positivismo que carregamos e alguns fatos que aconteceram em 2018 nós podemos sim ter uma expectativa boa para 2019.
Antes de falar das coisas boas, não podemos deixar de ressaltar o momento difícil que passa Cidade Jardim, que interfere muito nos Jockeys Clubs do Paraná e Rio Grande do Sul, que outrora enviavam muitos cavalos para correr em trânsito. Foi realizada uma nova eleição no ínicio de dezembro e nossa esperança é que as coisas melhorem. O ideal seria auditar as dívidas e a partir delas planejar esta gestão que se inicia.
Mas voltando a falar das "boas novas", assim como um anjo apareceu para o povo "da cidade de Davi" e deu a notícia do nascimento de Cristo, também tivemos ótimas notícias em 2018.
A primeira delas veio do Hipódromo da Gávea, que com quatro reuniões mensais e novas formas de captar recursos para o clube vêm sendo um sucesso. Além das locações de espeços para eventos, os festivais atraem público, muito graças as ações de marketing do JCB em parceria com a PMU Brasil. Podemos dizer que o turfe carioca é forte, tanto tecnicamente quanto administrativamente.
O Festival do GP Brasil levou grande público ao Jockey Club Brasileiro, assim como as provas da Tríplice Coroa, o Festival da Copa ABCPCC e o Festival de Verão. Sempre com atrações além das corridas, como lounges, shows e eventos, o Hipódromo da Gávea segue rumo a seu melhor momento em décadas, impulsionando o turfe brasileiro de maneira geral.
No Jockey Club do Paraná, o sucesso esplendoroso do Festival do GP Paraná chamou muito a atenção. As arquibancadas ficaram lotadas como há muito não se via, cavalos de alta qualidade correram as provas e o movimento de apostas superou as expectativas. Mas além da credibilidade, acertos administrativos e a "reta final" da inauguração do Jockey Plaza Shopping Center, a Pegasus Brasil voltou a trazer esperança para os mais céticos.
Quando foi lançada em agosto de 2018, ninguém imaginava que todas as 15 cotas seriam vendidas. Um novo formato, com premiação para os 10 primeiros, do proprietário ao segundo gerente fez com o clima em torno da prova fosse de um grande meeting. E realmente foi isso que aconteceu. Transmitida para o Brasil inteiro em um domingo de simulcasting, teve grande audiência. Esta, como as outras reuniões de domingo foram um sucesso no Jockey Club do Paraná, que começa a ver novos turfistas surgindo nestes três anos de "renascimento".
Foi lançada a segunda edição da Pegasus e, salvo engano, todas as 15 cotas no valor de R$ 10.000,00 cada já foram vendidas. Agora em 1.400 metros, a segunda edição da Pegasus Brasil distribuirá R$ 200.000,00 em prêmios, sendo R$ 80.000,00 ao primeiro colocado. Maior dotação do Brasil para a pista de areia.
E se pararmos para pensar em como ela foi criada e organizada, perceberemos que tudo está em torno da participação dos proprietários. Porque teve um patrocínio da ACPCCP, mas o grande diferencial foi a união dos turfistas em prol da prova. As quinze cotas vendidas antecipadamente nas duas edições nada mais são que a vontade de grandes turfistas em participar de uma carreira com dotação alta, com integridade dos exames antidoping e principalmente, com a garantia que seu animal receberá o prêmio.
A Pegasus Brasil é um exemplo para todos os hipódromos de que, com seriedade é possível criar um meeting independente do calendário clássico da OSAF. A Pegasus Brasil provou que para ter grandes animais na pista e um meeting de respeito não é necessário uma prova de Grupo 1. Basta que os hipódromos se organizem em torno desta ideia. Fica desde já esta "boa nova" para o Hipódromo do Cristal, Cidade Jardim e demais praças.
Mas será que os proprietários destas outras praças "comprariam" a ideia e as cotas para uma prova neste formato? Eu particularmente não tenho dúvidas. E acredito piamente nisto devido a última "boa nova" do ano: o vídeo entitulado "O Turfe Brasileiro".
Idealizado por turfistas e com grande apoio de criadores, proprietários, profissionais e laboratórios do segmento, este vídeo teve mais de 150 contribuintes, muitos de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Isto mostra que muita gente ainda acredita no crescimento do turfe nacional. Mostrar que o turfe brasileiro emprega mais que a industria automotiva realmente é de deixar os mais apaixonados arrepiados.
E a qualidade deste vídeo é altíssima. Mostra desde o "êxodo rural ao contrário", com profissionais saindo da cidade em direção ao campo, passando por toda a equipe que cada haras emprega até os profissionais nos hipódromos. Temos o maior vencedor do mundo, então dizer em posts de Facebook que o Brasil tem um "turfe de quinto mundo" é de uma heresia absurda.
Claro que nas redes sociais é fácil, afinal, basta apenas bloquearmos os pessimistas para que estas energias negativas não cheguem a quem realmente luta para o que o turfe volte a ser reconhecido. O grande problema é que muitos são "contagiados" pelo pessimismo de alguns, o que é maléfico para esporte que tanto amamos.
Porém, para nossa sorte, como está escrito acima, são apenas "alguns", de relevância minúscula perto do esporte que deu ao mundo Glória de Campeão, Ribolleta, Redattore, Sandpit, Siphon, Setembro Chove, Much Better e outros diversos craques que brilharam fora do Brasil.
E falando de turfe mundial, o que dizer de um esporte que cedeu ao mundo os geniais Gonçalino Almeida, Jorge Ricardo, Silvestre de Souza, João Moreira, Altair Domingos, Fausto Durso, Tiago Pereira e tantos outros que brilham pelos hipódromos do mundo assinando em português. Carregando a bandeira do Brasil em seus ombros. Definitivamente o turfe brasileiro não está morto e os bons tempos estão voltando. Alguns podem até torcer contra, mas contra fatos não há argumentos.
E cabe a nós, turfistas apaixonados compartilhar esta "boa nova", através deste vídeo feito por turfistas que querem que aquele seu vizinho, parente, amigo e namorada, que nunca se envolveram no mundo das corridas o conheçam, saibam do tamanho da "indústria do turfe" e comecem a se interessar.
Todos os amantes do turfe que torcem por ele e querem vê-lo grande tem a obrigação de compartilhar. Desde as páginas dos hipódromos nas redes sociais, passando pelos proprietários, criadores, treinadores, jóqueis, profissionais do turfe, sites especializados e claro, os turfistas em geral. Mas não compartilhar uma vez – todos no mesmo dia – e pronto, fizeram sua parte. Nada disso, fazer de coração, enviar a um amigo seguido de um convite para ir ao Jockey. Compartilhar no grupo da família explicando que aquilo é muito importante para você. Enfim, vender o turfe como uma paixão. A sua paixão.
Assim o turfe vai voltar a crescer muito antes do que esperamos. O que você está fazendo pelo turfe? Será que "apenas" ter um ou dois cavalos é o suficiente? Você está envolvendo todos os seus próximos nesta paixão que você sente?
E esta é a "boa nova", o turfe está voltando a crescer! Mas para isso acontecer mais rapido precisamos da união de todos, independente do hipódromo, região ou modalidade. O turfe é brasileiro, assim como nós. Vamos fazê-lo crescer junto com o nosso amor. Hoje vivemos tempos diferentes, então o engajamento de todos é extremamente necessário para um turfe brasileiro cada vez mais forte.
Nós aqui do Bem Paraná estamos trabalhando muito para a divulgação do turfe (tanto no portal digital quanto nas edições impressas), então pedimos encarecidamente para que nossos colegas jornalistas se unam nessa corrente positiva.
União por um turfe brasileiro cada vez maior!
*Detalhes sobre o vídeo, como ajuda financeira para divulgação, nome dos apoiadores e outras dúvidas podem ser pedidas através do e-mail do site Raia Leve ([email protected]).
*Fotos: Site Jockey Club Brasileiro, Site Jockey Club de São Paulo por Porfirio Menezes e Leopoldo Scremin para o Bem Paraná.