
Um caso vem causando comoção no meio do turfe. Depois da excelente notícia de que a Havan e a Zaffari implantariam lojas no Jockey Club de Pelotas, o que “salvaria” o principal hipódromo do interior do Rio Grande do Sul, neste fim de semana uma notícia começou a preocupar a todos.
No início do mês, o Concult – Conselho Municipal de Cultura de Pelotas entrou com ação no Ministério Público para barrar o negócio. Segundo seu presidente, Daniel Barber, a instalação de um centro comercial no Jockey Club de Pelotas irá “descaracterizar a paisagem urbana, destruir a raia e ter impacto negativo no conjunto arquitetônico que pertence ao inventário de bens protegidos pelo minicípio”.
E este impasse está atrapalhando o investimento que seria a salvação do Jockey de Pelotas. Segundo seu presidente, Clodoaldo Griep de Lima, o que aconteceria com a chegada da Havan e da Zaffari seria exatamente o contrário.
“A área que seria ocupada, na Avenida Salgado Filho, hoje é um terreno vazio, por vezes coberto por mato pela falta de verba para pagar o roçado”, declarou o presidente do Hipódromo da Tablada em texto publicado no Diário Popular de Pelotas. “A raia não será destruída, e sim modernizada, dando mais segurança a animais e profissionais. E por fim, os prédios históricos teriam recursos para serem restaurados, conforme determinação do Ministério Público.”
Mas o problema não para por aí. Os investidores estão perdendo a paciência e o negócio pode não mais acontecer. Luciano Hang, dono da Havan, deu uma declaração temerária não só para a região, mas também para o turfe, uma vez que como o presidente Clodoaldo Lima deixou claro, este “momento decisivo” pode decretar a continuidade ou o fim da instituição. A declaração de Hang sobre a ação no MP foi esta:
“Nós temos pressa. Quem demora fica para trás”, declarou o dono da Havan ao Diário Popular de Pelotas. “Se não der certo em Pelotas, vamos para outra cidade. Existem dezenas de cidades no Rio Grande do Sul que precisam de empregos.”
A indignação do proprietário da Havan está ligada a política. Segundo nos foi confirmado pelo próprio presidente do Jockey, a decisão da Concult tem cunhos políticos, uma vez que ela esta totalmente ligada ao partido PSOL, inímigo político do PSL, que recebe apoio e doações de Hang.
O dono da Havan ficou famoso por apoiar a campanha do atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, além de ser multado por distribuir comunicado a seus milhares de funcionários “aconselhando-os” a votar no candidato do PSL. Inclusive Hang disse que “a esquerda não gosta dele e tentam o ‘ferrar’ no Brasil inteiro”.
Enfim, segundo o presidente do Jockey Club de Pelotas esta “birra” política pode encerrar as atividades de uma instituição de 89 anos. Com a chegada destas duas redes, o investimento previsto no clube seria de R$ 33,5 milhões em 30 anos, somando ainda cerca de 500 empregos diretos e mais centenas de indiretos.
Sem falar nas 120 familias que sobrevivem da atividade turfística na região. A importância cultural do Hipódromo de Tablada é gigantesca para Pelotas. Inclusive, a prefeita Paula Mascarenhas gravou vídeo e divulgou nas redes sociais, afirmado que a vontade do município é que o empreendimento aconteça:
“Eu quero deixar claro que a prefeitura é totalmente a favor da implantação destes empreendimentos no Jockey Club de Pelotas”, declarou a prefeita. “Já fizemos tudo o que estava a nosso alcance para isso. Inclusive todas as licenças prévias já foram emitidas (…) Nós sabemos da denúncia feita pelo Concult e queremos deixar claro que nossos representantes neste conselho votaram contra. Mas temos certeza que o Ministério Público tomara a decisão certa, uma vez que ele atende os interesses do povo.”
Fica claro que mais uma vez interesses políticos se sobrepõem aos da população. Para a cidade de Pelotas, seriam ao menos 2 mil empregos entre diretos e indiretos, além da manutenção dos profissionais de turfe. Em um país que tem uma taxa de desemprego crescente, que mês passado chegou aos 13 por cento, isso chega a ser uma afronta.
Agora cabe ao promotor André de Borba definir o mais rápido possível a aceitação ou não desta queixa, uma vez que os investidores deixaram claro que a única chance do empreendimento ainda acontecer é o Ministério Público tomar uma decisão rápida.
*Com informações do presidente Clodoaldo Griep de Lima, jornalista Vinicius Peraça (Diário Popular de Pelotas) e Rádio Guaíba.