
Um advogado foi multado pelo uso de tecnologia de modo considerado indevido pela Justiça. A decisão sobre o uso responsável de novas tecnologias no sistema jurídico é da Justiça Federal do Paraná (JFPR), por meio da 2.ª Vara Federal de Londrina, no Norte do estado. Ao advogado foram impostas multas por litigância de má-fé e ato atentatório à dignidade do judiciário.
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O caso teve início com uma ação na qual o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) de Arapongas, no Norte paranaense, descumpriu uma sentença anterior, que determinava o restabelecimento de um benefício por incapacidade e a designação de uma perícia presencial.
Conforme o despacho do juiz federal substituto Igor de Lazari Barbosa Carneiro, o representante legal do autor apresentou inúmeras manifestações nos autos, produzidas irresponsavelmente por meio de recursos de inteligência artificial. “As peças apresentam referências doutrinárias, legais e jurisprudenciais inexistentes”, afirma o magistrado.
Entre os eventos, a decisão destaca artigos inexistentes da Lei de Mandado de Segurança e Lei Processual do Tempo inexistente. Além disso, cita números de processos que também não constam nas bases de dados dos tribunais.
No entendimento da Justiça, o advogado descumpriu parâmetros definidos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB), praticando inovação ilegal do direito.
“Pelas razões apresentadas, imponho ao advogado da parte autora multa de dez salários-mínimos pela prática de ato atentatório à dignidade da Justiça, e multa adicional de dez salários-mínimos pela litigância de má-fé”, decidiu Carneiro.
O despacho determina, ainda, que a OAB do Paraná seja informada da decisão, para adoção das providências cabíveis.