Passados oito meses desde a posse, parece que o governo federal finalmente atingiu sua “velocidade cruzeiro”, sem os solavancos naturais em qualquer início de gestão, sobretudo nos casos em que há solução de continuidade em relação ao “modus operandi” anterior.

E essa bonança, como tudo na vida, tem duas faces: a positiva e a negativa. A parte boa é que abre espaço ao governo para seguir implementando suas políticas públicas com mais tranquilidade e menos marola, já surfando no movimento inercial produzido pelo esforço inicial. E a recente pesquisa do instituto Genial/Quaest, cravando 60% da aprovação do governo, representa um claro indicativo desse momento.

Todavia, o lado não tão bom é que essa etapa caracteriza-se mais pelo “plantio” do que pela “colheita”, e a bonança corre o risco de ser interpretada como “mesmice”.

Por isso, torna-se cada vez mais relevante que os efeitos da melhoria do emprego e renda, seja pelo aumento real do valor do salário mínimo, seja pela via indireta a ampliação da faixa de isenção do IR, sejam cada vez mais explorados pela propaganda do governo, pois em um país continental como o Brasil, com nítidas peculiaridades regionais e estamentais, os reflexos de movimentação positiva costumam se diluir nas diferenças.

E no mesmo sentido, os avanços macro econômicos decorrentes das viagens internacionais de Lula também não devem ser desprezados, pois embora seus efeitos sejam mais demorados, as suas perspectivas são concretas, e influenciam nos investimentos do setor industrial, com reflexos no nível de emprego e consequentemente da renda e do consumo, num círculo virtuoso.

Por tudo isso, a figura de Lula continua sendo fundamental, pois pouca gente, ou ninguém, sabe como ele se comunicar com a população e se fazer entender com simplicidade e assertividade.

Carlos Augusto Vieira da Costa é Procurador do Município de Curitiba