Henrique abraça Thiago Kosloski, no jogo contra o Fluminense (Crédito: Divulgação/Coritiba/Gabriel Thá)

O ano de 2024 já começou no Alto da Glória antes mesmo da ceia de Natal, ou do pulo das sete ondas no mar. Isso porque o inevitável e avisado rebaixamento, fez a SAF iniciar o planejamento para a Série B do ano que vem. Assim que foi oficialmente confirmado o descenço, os gestores do clube, Arthur Moraes e Carlos Amodeo resolveram “sair da toca”. Primeiramente, pararam de usar o ex-técnico Thiago Kosloski de ”estepe” (como ele mesmo afirmou em uma coletiva de imprensa), demitindo-o, assim como, o auxiliar Reginaldo Nascimento, sem qualquer chance de permanência em outra função. Em seguida, o clube anunciou o desligamento de ”maneira antecipada” de outros cinco atletas. As saídas de Jesé Rodrigues, Lucas Barbosa, Samaris, e Boschilia, foram de fato merecidas, já que tiveram pouquíssimo rendimento, contudo, com o experiente zagueiro Henrique, apesar de estar próximo da aposentadoria, beirou a indelicadeza por parte dos dirigentes da SAF a maneira como anunciaram o desligamento do atleta.

Indagado na coletiva de imprensa, realizada nesta sexta, 1, pelo repórter do Canal do Carrica, Júlio Cesar Ruthes, sobre o desligamento dos atletas e mais especificamente sobre Henrique, o (nem tão) novo técnico do Coritiba, Guto Ferreira, se esquivou em falar diretamente do zagueiro. Afirmou apenas, que as mudanças do elenco não poderiam ser feitas com o ”coração”. E de fato, coração, assim como, a falta de competência técnica para analisar, contratar e demitir um atleta, podem ser fatais no futebol, como foi no Coritiba este ano.

Logo após a resposta dada por Guto, o CEO do Coxa, Carlos Amodeo, resolveu dar sua versão dos fatos e explicou a saída do atleta. “Henrique tem uma linda história, uma vinculação com o Coritiba bastante importante e foi uma das nossas lideranças. Considerando nosso objetivo de fazer uma reformulação e o Henrique ter uma lesão muscular contra o Cruzeiro e voltando de lesão, houve um comum acordo entre nosso executivo de futebol e o atleta para que ele fosse liberado”, ressaltou o CEO.

Com 37 anos, Henrique tem quase 200 partidas com a camisa Alviverde tendo duas passagens pelo Alto da Glória. A primeira entre de 2006 e 2008, quando foi revelado, e a segunda e última, de 2021 a 2023. Durante o tempo em que esteve no Coritiba, Henrique ainda levantou o caneco da Série B em 2007, e o Paranaense de 2021. O zagueiro teve passagem pela Seleção Brasileira, vestindo a camisa canarinho na Copa de 2014. Um belo currículo de títulos, conquistas, e serviços prestados para o clube, mas que no final, valeram cinco linhas de uma nota oficial, e uma explicação um pouco ressentida de Amodeo.

De fato, o Coritiba deve tomar suas decisões administrativas sem usar o coração, como disse Guto. Quando esta combinação guiou a gestão Alviverde, foi catastrófica, vide a gestão de Samir Namur: ”o presidente das arquibancadas”. Porém, ressalta-se que o caso do desligamento de Henrique e a maneira fria que o clube o tratou, não diz sobre “coração”, ou sentimentalismos, mas de respeito com um profissional que se dedicou ao Coxa, e foi ídolo.

Ídolos de um clube de futebol, por mais que a agremiação tenha uma gestão que grite aos 4 ventos que é ”empresarial”, deve tratar sua história, e aqueles que ajudaram a construí-la, com reverência. Henrique não mereceu nem mesmo “uma arte” de agradecimento por parte do excelente marketing do clube nas redes sociais, tão pouco, qualquer despedida gentil. E tenho minhas dúvidas que se caso o repórter Júlio Ruthes não tivesse tocado no “assunto Henrique”, Amodeo ou qualquer gestor da SAF, teriam se pronunciado.

Então aqui vai um humilde conselho de minha parte aos gestores alviverdes. Como diz um grande amigo, ”vocês já acordaram devendo”, por isso, cada movimento à toque de caixa, sem qualquer gentileza ou delicadeza para com o torcedor e seus ídolos, pode fazer a grande paciência dos coxas-brancas acabar de vez, e provocar que uma possível onda de indignação, venha a cobrir qualquer promessa de transformar o Couto Pereira, no Allianz Park.

Delicadeza amigos, delicadeza!

Gabriel Carriconde é jornalista, e narrador esportivo