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Foto: Reprodução/ Rumo

Um dos mais tradicionais ramais ferroviários do Brasil teve a suspensão de suas atividades oficializada ontem (16 de janeiro). Segundo a Rumo Malha Sul, responsável pela operação e por anunciar a desativação do ramal que liga Londrina, no norte do Paraná, a Ourinhos, no Interior de São Paulo, a decisão se justifica pela falta de demanda de serviços de transporte no modal ferroviário.

A decisão, contudo, já gera repercussões no mundo político, com manifestações de membros da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Nesta quarta-feira (17 de janeiro), por exemplo, os deputados Luiz Cláudio Romanelli (PSD) e Tercílio Turini (PSD) assinaram um requerimento protocolado na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) em que pedem explicações do órgão sobre a paralisação da linha férrea de 217 quilômetros entre Londrina e Ourinhos (SP), operada pela Rumo Logística. Os deputados também estão enviando ofícios à direção da Rumo, ao Ministério dos Transportes e ao Tribunal de Contas da União (TCU) questionando a suspensão da operação da linha férrea de 217 quilômetros.

O trecho entre o Paraná e São Paulo era uma importante via de transporte de combustíveis, grãos e fertilizantes que só no ano passado movimentou mais de 100 mil toneladas de cargas em seus trilhos. A última operação comercial foi realizada em dezembro do ano passado. Para 2024, contudo, a empresa alega que não houve demanda suficiente. Uma reabertura do ramal não é descartada, mas dependeria de “discussões da renovação da Malha Sul, que foi qualificada pelo conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal”.

Para Tercilio Turini, a medida “vai na contramão de todo esforço para fortalecer o desenvolvimento do Norte e Norte Pioneiro”. O ramal que agora ficará ocioso por tempo indeterminado, inclusive, viabilizou a colonização do norte paranaense.

“É uma ferrovia histórica, o trem foi determinante para o desenvolvimento de toda a região. Não podemos aceitar que a empresa simplesmente desative o ramal até a divisa com o estado de São Paulo. Isso prejudica muito a economia regional e afeta a população com o risco de fechamento de empresas. Temos que envolver toda comunidade nessa luta”, ressaltou ainda o parlamentar de Londrina, destacando já estar em contato com outros deputados estaduais que também atuam no Norte e Norte Pioneiro para iniciar um movimento para manter o transporte ferroviário de cargas.

Outro parlamentar, Luiz Cláudio Romanelli classifica a decisão como “um absurdo e um verdadeiro retrocesso” e garante que a Assembleia Legislativa não ficará de “braços cruzados” diante da situação.

“A decisão é absurda pois o transporte ferroviário é o segundo modal mais barato do mundo. É viável financeiramente e o menos poluente. Além disso, a paralisação do trem carece de visão estratégica em relação à economia verde, a que mais cresce no mundo”, disse o deputado estadual. “Vamos acionar a Agência Nacional de Transportes Terrestres e tomar outras medidas para reverter a decisão. Foi muito triste poder assistir o povo procopense ver ontem em Cornélio pela última vez o trem passar. Isso faz parte do processo civilizatório da nossa região. Nós não vamos aceitar. A Rumo tem um contrato e ela tem que cumprir”, completou.