Alex Andrews – O milagre pode começar pela crença do invisível.

A semente do milagre começa com o paradoxo na crença do invisível, o inexplicável e o impossível. A concepção vem com o sentimento absurdo de sentir, viver esse milagre como já recebido. Sim, é insano mesmo pelos padrões mentais. Todos os dias, quase uma obstinação, mas há uma dica preciosa: a sutil diferença entre o querer com todas as forças e a pressão.

O milagre precisa de especificidades. Você não vai num restaurante e pede apenas uma massa. Geralmente escolhe alguma sugerida no cardápio, ou você mesmo apresenta a forma como gostaria de receber o prato: uma lasanha, molho ao sugo, levemente tostada e assim por diante. Por que seria diferente com o milagre? 

O milagre é produto da fé. Desse acreditar antes de tudo que merece receber. Não porque você é um coitadinho ou um doce de pessoa, mas porque você está fazendo sua parte e vai cumprir o que for preciso para alcançar esse milagre. O acontecimento, a realização, a bênção é fruto daquilo que os olhos não veem e o coração sente.

Moisés dos panos – Moisés deve ter estar na faixa dos 40 anos. Olhos verdes bem brilhantes nos dias ensolarados, que se destacam na máscara colocada no rosto diariamente desde bem cedo, quando sai de sua casa com um fardo de panos de prato. Uma placa anuncia a venda: 4 panos por R$10, exibidos num sinaleiro nas proximidades de onde moro.

Em alguns trajetos corriqueiros, Moisés às vezes me oferecia os panos. Eu acenava em agradecimento e dizia um tal de “hoje não”, sempre retribuído com um sorriso gentil.

Num desses dias, eu estendi a resposta para algo como, “no momento não posso, mas prometo se algo que quero muito porventura acontecer, eu compro quatro jogos dos seu panos”. Ele me ouviu atento e perguntou: “Você está precisando de um milagre? conversa com Deus que ele assina”, depois disso me contou sobre como o inexplicável mudou uma questão muito difícil da sua vida.

Passaram-se dias, semanas, vi o Moisés algumas vezes e ele me perguntava sobre como estava indo o processo. Estava em dias em que resgatava gotículas de fé em meio ao meu deserto, e nesse dia, mais um conselho do amigo dos panos. “Descansa”.

 

Quando a gente quer entender tudo pelo mental, a coisa complica. Então eu compreendi que precisava tirar a pressão, a ansiedade. O meu querer era legítimo, mas confiança não é ficar cobrando o tempo todo.

Descansei e fiz uma espécie de redenção, de render-se mesmo. No dia seguinte eu naturalmente não pensei mais e fui viver a vida, mas como um detalhe poderoso, comprei um jogo de panos com motivos natalinos do Moisés, porque eu tinha certeza da realização do milagre. Eu não era dona do tempo e nem da forma, eu não tinha o controle, foi uma espécie de código. “Aconteceu?” – perguntou Moisés. Eu disse que só faltava se manifestar, mas aí já não era mais a minha parte.

O milagre aconteceu no mesmo dia. Cheio, fluido e feliz. Estava caminhando na rua e fui até o lugar onde Moisés vende seus panos fazendo malabares entre os carros. Ele já havia ido embora.

Dois dias depois reencontrei meu amigo e contei a novidade. Ele sorriu como alguém que tinha certeza do milagre. Seus olhos se encheram de lágrimas, ele está com outro desafio emocional, agora ele também está precisando de um outro milagre. E assim nesse momento, eu posso ser uma ferramenta desse processo do vendedor de panos, porque na anatomia do milagre há componentes imprescindíveis: o saber querer, a fé e a gratidão!

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*Ronise Vilela é criativa de Comunicação e Escrita Afetiva, Jornalista e Escritora.

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