Cármen-Lúcia
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Janja: sapatos de luxo e ostentação
Crédito: Cláudio Kbene

Todo mundo, homens e mulheres, pensam na roupa que vão usar. Mas só as mulheres são ridicularizadas e têm a sua capacidade e seu profissionalismo colocados em xeque por causa do visual e das escolhas de estilo. Na semana passada, vazou uma conversa entre procuradores da Lava Jato com críticas  à aparência de Cármen Lúcia, a única ministra mulher do Supremo Tribunal Federal (STF). Livia Tinoco, Janice Ascari, Wellington Saraiva e Luiz Lessa zombaram da magistrada por uma falta de “cuidados corporais”, insinuaram pouca higiene, falta de vaidade e que ela seria homossexual. Tem gente que não engole mesmo mulher poderosa né?

Por outro lado, a primeira-dama Janja foi alvo de comentários  por ter usado um sapato Hermès em evento nos EUA e pecado pela ostentação. Ou seja, independentemente do estilo, das roupas usadas, do posto, as mulheres são apontadas.

Para a consultora de imagem Thais Farage, a única forma de a mulher não ser criticada é sendo homem — branco, de preferência. Toda e qualquer característica de uma mulher é motivo para ser ridicularizada e desqualificada. Pode ser a pouca idade ou a idade a mais, o peso, a cor, a beleza, a origem, as escolhas, a sexualidade, o fato de ser ou não mãe, ser ou não casada, depender de alguém, ser livre demais.

Não importa do que se trate, o crivo é mais pesado sobre as mulheres. Todas as mulheres. Qualquer mulher. Brigitte Macron, primeira-dama da França, por exemplo, vem sendo alvo de comentários maldosos por ser mais velha que o marido, pela magreza, por não ser considerada tão bonita se comparada a outras mulheres. 

Michelle Obama, ex-primeira-dama dos Estados Unidos, foi outra que admitiu lutar contra pensamentos negativos sobre sua aparência, também comentada e criticada amplamente por quem não tem o que fazer. Em um de seus livros, ela revela que, assim como todas mortais, sofre com sua aparência, mas descobriu técnicas para ser gentil consigo mesma. “É realmente uma pena que tantos de nós, particularmente as mulheres, tenham tanta dificuldade de olhar para a própria imagem.”

Em entrevista sobre o livro, Michelle revela que “especialmente as mulheres, sobretudo as mulheres negras, têm esses pensamentos por não se sentirem refletidas na sociedade”. Ter uma boa estratégia de estilo, estar com a auto-estima em ordem e se livrar dos preconceitos e dos padrões são formas de nos prepararmos melhor para a vida. Se as língua são mais ferozes consoco, vamos nos unir e mostrar o nosso valor.