Desde a pré-história, o ser humano cria normas e regras para a convivência entre as pessoas. O problema é que essas regras sempre serviram para deixar bem clara a estrutura de poder da sociedade. Na Idade da Pedra, os líderes das comunidades provavelmente eram os que tomavam a dianteira, sobressaíam-se perante os outros, comandavam seus semelhantes. O tempo passou, mas muitas das normas formais de convivência – a que damos o nome de etiqueta, cerimonial, protocolo… – ainda servem apenas para destacar uns dos outros, ostentando poder, fama e riqueza.

O auge da normatização dos costumes foi na Idade Média, quando as pessoas indiretamente ligadas à corte gastavam fortunas para ter as melhores roupas, ocupar os lugares mais próximos às figuras centrais da sociedade e até compravam títulos de nobreza. Cá entre nós, qual é mesmo a diferença entre um barão, um duque, um conde ou um plebeu? Mas era preciso ostentar. Os rapazes carregavam consigo os títulos e as moçoilas tinham seus dotes, o que as diferenciava umas das outras, conforme a quantidade de bens acumulada pela família.

Mais um grande salto na História e chegamos à contemporaneidade. Cerimonial, hoje, é tido como a rigorosa observância de formalidades em cerimônias, ou seja, o conjunto das formalidades seguidas nas solenidades. Protocolo, por sua vez, é a ordem de conduta dos representantes de governos em ocasiões solenes. Pode-se dizer, portanto, que o protocolo é a aplicação prática do cerimonial.

O curioso é que essas normas têm sido levadas do ambiente oficial, de governos, para o ambiente das empresas e até o familiar. A necessidade de organizar, estabelecer uma sequência lógica para os acontecimentos, listar prioridades e colocar as pessoas em ordem (de importância???) nas solenidades é que tornou natural a adoção das regras, que antes serviam apenas para o setor público e oficial. Hoje é comum vermos cerimonialistas em casamentos, formaturas, festas de 15 anos, bailes de debutantes e outras cerimônias familiares, mas também é comum encontrarmos esses profissionais em solenidades das empresas. Eles organizam, fazem os roteiros, dizem como devem ser feitos os discursos, em que ordem devem ser citadas as autoridades… Enfim, são integrantes de uma profissão que surgiu por causa da correria do dia-a-dia moderno, mas que hoje se faz necessária para o sucesso das cerimônias.

No entanto, é preciso salientar que, por importante que seja estabelecer essas pequenas regras que devem ser seguidas para que as solenidades empresariais não sejam um acumulado de gafes e bolas-fora, elas devem ter como norte principal o objetivo de aproximar as pessoas e não, como era tão comum na Idade Média, para tornar alguns iguais mais iguais que os outros.

Adriane Werner. Jornalista, especialista em Planejamento e Qualidade em Comunicação e Mestre em Administração. Ministra treinamentos em comunicação com temas ligados a Oratória, Media Training (Relacionamento com a Imprensa) e Etiqueta Corporativa.