Ninguém é uma ilha! Será que a antiga crença ainda tem validade em plena época de internet, e-mails, teleconferências e — quando muito — telefonemas? Toda a tecnologia criada para reduzir distâncias e fronteiras tem resultado no distanciamento do contato físico, a mais genuína e franca forma de comunicação entre pessoas.

Como somos obrigados a correr contra o relógio, preferimos telefonar do que fazer uma visita, mandar um e-mail do que telefonar, ou mesmo delegar a outra pessoa a tarefa de mandar um recado. E, francamente, quando telefonamos, muitas vezes torcemos intimamente para que o telefonema seja atendido por uma secretária eletrônica: assim transmitimos a mensagem sem perder muito tempo.

Mas é somente com o contato pessoal que podemos saber exatamente a reação dos nossos interlocutores. Imagine que você precisa pedir um favor a um colega de trabalho. Se você manda um e-mail, ele pode responder: Tudo bem, sem problemas ou Infelizmente não poderei ajudá-lo. Se, ao invés do e-mail, você fizer o pedido por telefone, poderá perceber algumas intenções do seu colega pelas inflexões na voz. Mas se você conseguir a oportunidade de falar pessoalmente, poderá ‘ler’ a linguagem corporal, perceber o olhar, a expressão facial, a postura. Na prática, você vai saber se ele disse ‘sim’ querendo dizer ‘não’, se ele negou o favor para escapar de você e o grau de sinceridade na resposta do seu colega.

Para resgatar gradativamente a prática do contato pessoal, podemos pensar em uma ‘escala de relacionamento’, na qual podemos subir passo a passo: ao invés de delegar o contato a uma terceira pessoa, faça você mesmo; ao invés de mandar um e-mail, telefone; ao invés de deixar recado na secretária eletrônica, insista em telefonar mais tarde; e ao invés de telefonar, procure o contato físico.

As inúmeras possibilidades de comunicação que o avanço tecnológico permite são fascinantes e hoje se tornaram até mesmo necessárias (quem pode se dar ao luxo de viver sem celular?), mas elas nos fizeram perder o costume do contato pessoal. Não precisamos sair de casa e nem encontrar pessoas para fazer compras, para trabalhar… às vezes nem para namorar! Viramos ilhas, ficamos isolados. Por isso propomos o resgate.

Adriane Werner. Jornalista, especialista em Planejamento e Qualidade em Comunicação e Mestre em Administração. Ministra treinamentos em comunicação com temas ligados a Oratória, Media Training (Relacionamento com a Imprensa) e Etiqueta Corporativa.