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Vereadores de Curitiba argumentam que os animais também têm direito à dignidade, ao bem-estar animal e a uma vida sadia. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

A capital do Paraná poderá, em breve, implantar uma rede de atendimento suplementar à saúde animal. A ideia do projeto de lei é regulamentar a atenção básica à saúde dos animais de estimação para famílias de baixa renda e acolhidos por ONGs. A matéria foi protocolada na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) no começo deste mês e aguarda a análise técnica da Procuradoria Jurídica (ProJuris). 

O objetivo da política publica é prevenir enfermidades, solucionar os potenciais casos de agravo à saúde animal, bem como direcionar os animais enfermos mais críticos para níveis de cuidados mais avançados. A rede suplementar funcionará como primeiro nível de atenção e porta de entrada. O atendimento deverá ser descentralizado e reservado aos animais cujos tutores careçam comprovadamente de recursos financeiros e aos que são resgatados por entidades atuantes no segmento animal e que são declaradas de Utilidade Pública Municipal. 

Ainda segundo o projeto de lei, a descentralização do serviço de atenção à saúde animal será feita por meio de clínicas veterinárias de universidades públicas e privadas sediadas em Curitiba – cuja adesão à rede de atendimento suplementar deverá ser voluntária. A regulamentação do serviço será de responsabilidade do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMV-PR). Já as despesas com a implementação da política pública serão suplementadas via convênios ou parcerias com a iniciativa privadas ou ONGs (005.00026.2024).

Se a iniciativa em questão for aprovada pelo plenário, e sancionada em lei, esta entrará em vigor 180 dias após a data de sua publicação no Diário Oficial do Município. Ou seja, Prefeitura de Curitiba terá seis para se preparar para implantar a nova política de atenção à saúde animal, conforme a legislação

Atenção à saúde animal: garantia de direito à vida e ao bem-estar

A matéria é de iniciativa dos vereadores Alexandre Leprevost (Solidariedade), Bruno Pessuti (Pode) e Nori Seto (PP). Segundo os autores, já em 2013 a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) apontava que a população canina na capital poderia chegar a 450 mil cães, uma média de cachorro para cada quatro habitantes. “A Central 156 recebeu mais de 25 mil denúncias de maus-tratos contra animais no período de 2017 a 2021. Além disso, o número de animais abandonados aumentou após a pandemia. Em Curitiba, [há] uma estimativa da prefeitura de que 13,5 mil animais já foram abandonados na cidade”, disseram, ao repercutir reportagem publicada pelo portal Banda B

Os vereadores argumentam que osanimais abandonados, vítimas de maus-tratos ou que são tutelados por famílias ou pessoas sem condições de lhes dar o devido acompanhamento médico-veterinário, também tem direito à dignidade, ao bem-estar animal e a uma vida sadia. “Afinal, as diretrizes da Política Municipal de Proteção Animal asseguram o direito à vida, à liberdade e a atenção digna aos animais, sobretudo porque todo animal tem o direito a ser respeitado e protegido e nenhum animal deve ser submetido a maus-tratos ou atos cruéis”, completa a justificativa. 

Como é a tramitação de um projeto de lei?

Protocolado em 4 de março, o projeto inicialmente receberá a instrução da Procuradoria Jurídica (Projuris) da Câmara de Curitiba. Em seguida, será avaliado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a única com a prerrogativa de arquivar uma proposta de lei. Se acatada, a iniciativa será discutida por outros colegiados permanentes da Casa, indicados no parecer da CCJ conforme o tema em pauta, sendo que não há um prazo estabelecido até a votação pelo plenário.

O teor dos projetos de lei é de responsabilidade de cada mandato parlamentar. A divulgação deles pela CMC faz parte da política de transparência do Legislativo, pautada na promoção do debate público e aberto sobre o trabalho dos vereadores. Atenta ao princípio constitucional da publicidade, a Diretoria de Comunicação Social segue a instrução normativa 3/2022