Não é mera coincidência o fato de dois senadores da República – Joaquim
Roriz e Renan Calheiros (ambos do PMDB) – terem se servido da conversa
do boi para justificar rendas acima de suas posses. Também não se trata
de um feliz destino o fato do carequinha Marcos Valério, quando ainda
era uma “eminência parda” na imprensa, ter recorrido na primeira hora à
compra de gado para justificar o dinheirão que depositou nos cofres do
PT, a “título de empréstimo”.

Está provado – e qualquer membro da Polícia Federal pode confirmar –
que o comércio de gado tem servido para lavar dinheiro, sonegar
impostos ou justificar rendas injustificáveis. Ontem, a cientista
política Lucia Hipólito ironizou a quantidade de bois que pastam
alegres pelo país a considerar as alegações de suspeitos, acusados e
criminosos de ficha corrida.

A prática é comum tanto quanto de difícil comprovação. Afinal, é
restrita a uma seara de negócio especializadíssimo, segmentado e que
envolve valores astronômicos. Assim, não é um exagero afirmar que o
preço de um boi é tão irreal ou imensurável como uma obra de um
viaduto. Quem sabe se é muito ou pouco a não ser aquela pequena parcela
de “especialistas”?

Roriz, conhecido pelos processos que acumula no STF, foro privilegiado
dos que detém mandato público, levou azar. Criador de gado e dono de
fazendas, não desconfiou que, na conversinha com o então presidente do
Banco de Brasília havia um “boi na linha”. A história que inventou para
justificar a partilha de R$ 2,2 milhões, contudo, é mesmo conversa para
boi dormir. Quem haverá de acreditar que, para um empréstimo de R$ 330
mil, com que compraria um bezerro, Roriz tenha recebido um cheque de
mais de dois milhões do dono Gol (a companhia aérea) que, por sua vez,
era produto da venda de uma fazenda, e depois trocado e distribuído o
dinheiro – ou qualquer coisa assim. A história é tão enrolada que fica
difícil de engolir. Ah, mas não se preocupem. Os senadores engolem
qualquer coisa. Não é mesmo, Renan?

Bronca
O Sindicato dos Atletas Profissionais do Paraná chiou feio por conta da
exclusão de Juraci Moreira Junior da lista dos 24 esportistas que
carregarão a tocha do Pan no roteiro curitibano.

Tá na fila
O triatleta, no entanto, pode ser indicado entre os 62 selecionados pelo Comitê Olímpico Brasileiro. A relação ainda não saiu.

Duro
A assessoria de imprensa da prefeitura aliviou no press-release, mas a
verdade é que o prefeito Beto Richa não poupou farpas a Requião ao
receber, ontem na capital, o Prêmio Personalidade Aecic – a Associação
das Empresas da Cidade Industrial de Curitiba.

E pesado
Ipsis litteris, Richa disse que só a “tolice, estimulada pela soberba,
poderia imaginar que a CIC se transformaria em um campo de golfe para
privilegiados. Passados os dias, os meses, os anos e a afirmação maluca
continua ecoando”.

Calma lá
A César o que é de César. Não é o colunista Celso Nascimento o dono da
decantada exclusividade no anúncio da redução de R$ 10 milhões para R$
4,5 milhões da multa do Paraná com a Secretaria do Tesouro Nacional. Os
louros são do repórter da RIC, Luiz Andrioli, que trouxe a informação
na sexta-feira passada. Basta conferir.

Amigona
O PMDB está jogando pesado para obter uma cadeira na Câmara de
Curitiba. Nas últimas semanas, dirigentes do partido pressionam os
vereadores eleitos pela coalizão “Tá Na Hora” (PT/PTB/PMDB) para que
peçam licença de saúde e abram vaga para a suplente Márcia Schier
(PMDB).

Empurrão
Não é a primeira vez que a estratégia é usada. Em 2003, o vereador Éde
Abib, que estava se transferindo para o PMDB, pediu afastamento da
Câmara por período superior a 120 dias para que Márcia – apelidada de
“Barbie Vereadora” – ocupasse a cadeira e vitaminasse sua candidatura.

As amargas
O líder do prefeito na Câmara de Curitiba, Mário Celso Cunha (PSDB),
não tem mais dúvida. Diz que a reforma partidária não passa de um balão
de ensaio usado pelo PT para emplacar um terceiro mandato para Lula.


ARREMATE

A propósito do
artigo “Fala, Baptista!”, publicado ontem, o presidente do Tribunal de
Contas do Paraná, Nestor Baptista, esclarece que cancelou sua
participação no seminário “Controle Interno” depois de tomar
conhecimento que o evento teria uma taxa de inscrição. Baptista reforça
ainda que os funcionários estão proibidos de cobrar para fazer
palestras e que os cursos promovidos pelo TC são totalmente gratuitos.




OBLADI-OBLADÁ

O
diretor-executivo do Datacenso, Cláudio Shimoyama, contesta nota
publicada nesta coluna em que se afirma que a pesquisa de intenção de
voto para a prefeitura de Curitiba, divulgada na semana passada, teria
sido encomendada pelo PPS de Rubens Bueno. **** Segundo ele, a pesquisa
foi produzida pelo próprio Datacenso com o objetivo de divulgar o
instituto e deverá ser repetida a cada três meses até as eleições de
2008.