SÃO PAULO, SP, 18 de abril (Folhapress) – Um tribunal de Pequim condenou hoje a três anos de prisão Zhihui Qin, o primeiro blogueiro julgado e condenado por suas publicações no Weibo -o “Twitter” chinês- após a decisão do governo em setembro de criminalizar responsáveis por espalhar notícias falsas e boatos na internet.

O tribunal popular do distrito de Chaoyang considerou Qin culpado de difamação e alteração da ordem pública. O blogueiro é conhecido na rede como a Qinhuohuo, segundo anunciou o tribunal em sua conta oficial do Weibo.

As autoridades judiciais consideram que Qin cometeu uma infração gravíssima, ao postar comentários difamatórios sobre várias celebridades e sobre o governo, em particular, sobre o antigo Ministério das Ferrovias, que foi eliminado pelo Executivo chinês em 2013, depois de ser envolvido em uma série de escândalos de corrupção e suborno.

Qin foi preso em 22 de agosto por fabricar mais de 3.000 rumores na rede.

Um dos boatos que gerou mais impacto foi o de um acidente de um trem de alta velocidade, em julho de 2011, que teria deixado 40 mortos e 200 feridos.

De acordo com a versão da acusação, Qin informou que o regime comunista tinha compensado a família de um estrangeiro que supostamente foi vítima do acidente com 200 milhões de yuan (32,5 milhões de dólares).

O boato sobre o acidente foi reenviado cerca de 12 mil vezes em duas horas.

“As ações Qin impactaram a sociedade e prejudicaram seriamente a ordem social”, decidiu o tribunal.

Apesar do delito grave, a corte não sentenciou Qin a pena mais alta pela boa atitude que demonstrou durante o julgamento, no qual admitiu sua culpa.

O tribunal de Chaoyang condenou o chinês a dois anos por difamação a pena máxima é de três anos e mais um ano por conduta desordeira.

O blogueiro é a primeira vítima da nova legislação aprovada em setembro, considerada um golpe à liberdade de expressão na China.

A nova legislação para controlar a internet estipulou que pessoas que espalhem um boato que alcance 5 mil pessoas ou que seja reenviado por mais de 500 vezes através do Weibo podem ser acusadas de difamação o que leva a até três anos de prisão.

Outros casos

Além de Qin, outros blogueiros populares foram detidos, como Charles Xue, preso em 23 de agosto, acusado de contratar os serviços de uma prostituta, ou o blogueiro Dong Liangjie conhecido por defender o meio ambiente.

Xue foi liberado nesta quinta sob fiança, depois de quase oito meses de detenção, por causa de uma doença grave, segundo a polícia de Pequim.

Em setembro, Xue, que teve 12 milhões de seguidores no Weibo, apareceu na TV estatal algemado para se desculpar, dizendo que “a liberdade de expressão não pode substituir a lei”.

Rumores na internet são particularmente difundidos na China, onde a mídia tradicional é fortemente regulada pelo governo e a confiança do público nos meios de comunicação é baixa.