Por Osni Alves

RIO DE JANEIRO, RJ, 19 de abril (Folhapress) – A greve de seguranças do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) no Rio de Janeiro não tem previsão para acabar. É o que disse à Folha de S.Paulo o vice-presidente do Sindvig (Sindicato dos Vigilantes e Empregados em Empresas de Segurança), Antônio Carlos de Oliveira.

Segundo ele, não há previsão de volta e a greve deverá aumentar nos próximos dias. A partir da próxima quinta-feira, a expectativa do sindicato é de que 27 mil seguranças particulares e vigilantes que trabalham no município do Rio cruzem os braços.

Os trabalhadores terceirizados que trabalham no Galeão, na Ilha do Governador, anteciparam a greve como forma pressão pela volta das negociações salariais com a entidade patronal.

A greve no Galeão começou ontem às 7 horas quando representantes do sindicato foram ao terminal e conversaram com os trabalhadores que estavam encerrando o turno e os que estavam chegando para trabalhar. “A adesão foi total e imediata”, disse Oliveira, explicando que são quatro turnos por dia com cerca de 100 profissionais em cada.

Caso o movimento perdure, pode afetar inclusive o Maracanã durante a Copa do Mundo. Na última quarta-feira, representantes do Sindvig se reuniram com executivos da Fifa no ministério do Trabalho, em Brasília. O secretário de Relações de Trabalho do ministério, Manoel Messias, acompanhou o encontro.

A categoria pede ao ente patronal reajuste salarial de 10% e vale-refeição de R$ 20. O piso, de R$ 987, é considerado por eles o 13º pior do Brasil. O vale-refeição é de R$ 10. À Fifa, eles solicitaram que seja aumentada a diária dos profissionais que vão trabalhar na segurança do Maracanã, cujo valor é de R$ 100 por 12 horas de trabalho.

A organizadora do Mundial, segundo o Sindvig, pediu que não houvesse greve. Quanto ao reajuste da diária, prometeu pensar a respeito.

Oliveira disse ainda que os patrões não cumprem outros dois acordos no Rio. “Por direito, a categoria deveria receber 30% [correspondente ao salário] de periculosidade e outros 30% devido ao risco adicional, mas só pagam um deles.”

As empresas contratantes, de acordo com Oliveira, pagam a periculosidade ou o risco adicional e querem que os empregados retirem um dos benefícios do acordo coletivo. “Não aceitamos. O risco adicional foi instituído pela lei 12.740 de 2012 e é nosso direito”, disse.

Embora a greve seja restrita inicialmente ao município do Rio, o Sindvig pretende insuflá-la para todo o Estado. “Se possível, para o Brasil”, disse Oliveira, acrescentando que os demais sindicatos de vigilantes do país também vão solicitar à Fifa a revisão das diárias.

A reportagem tentou ouvir as empresas de segurança, mas não obteve retorno por parte do sindicato patronal.