O governador Beto Richa determinou a suspensão do aumento 35,05% na tarifa de energia da Copel proposto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta terça-feira (24/06). É preciso deixar claro que o reajuste foi proposto pela Aneel e o governo federal. Eu não aceito, afirmou Richa.

O pedido de suspensão foi aprovado pelo Conselho de Administração da Copel e encaminhado à Aneel. O efeito suspensivo permitirá ao Governo e à Copel estudar uma proposta de um reajuste menor, para evitar o impacto do repasse integral aos consumidores. Nós temos que preservar o interesse público e preservar os nossos consumidores, disse Richa.

Ele explicou que do reajuste total proposto pela Aneel, apenas 1,5% se refere a custos da estatal paranaense de energia. O resto todo é da gestão do governo federal e da Aneel para não faltar energia no País. É o uso das (usinas) térmicas a custos elevadíssimos. É o custo Brasil, afirmou o governador.

VARIÁVEIS – Beto Richa disse que não é justo que o consumidor paranaense seja prejudicado pelo uso das térmicas, por isso pediu à Aneel a suspensão do reajuste. Para definição do reajuste, é levada em conta uma série de variáveis, que compõem as chamadas Parcela A e B da tarifa.

A Parcela B corresponde aos custos gerenciados pela distribuidora, como as despesas com operação e manutenção. No reajuste deste ano, esta parcela responde por cerca de 1,5% do reajuste total.

Todo o restante do reajuste situa-se na Parcela A, sem qualquer controle da concessionária. Ela reúne encargos setoriais, encargos de uso do sistema de transmissão e, principalmente, os custos atuais e futuros da energia comprada para fornecimento aos consumidores.

CUSTO DA ENERGIA – Em 2014, os custos da energia aumentaram significativamente, devido à escassez de chuvas, à redução do nível dos reservatórios e ao acionamento permanente de usinas térmicas, de alto custo de operação.

Conforme os contratos das distribuidoras foram vencendo, elas se viram obrigadas a comprar esta energia cara no chamado mercado de curto prazo. É uma energia poluente e extremamente cara, e quem paga a conta é o consumidor, afirma o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer. Este custo imprevisto tem sido o principal motivo para os altos índices de reajustes das concessionárias em todo o país este ano.

Segundo Zimmer, a Copel foi uma das empresas mais penalizadas pelo modelo atual do setor elétrico, em que as distribuidoras são obrigadas a estabelecer contratos de compra de energia com as geradoras indicadas pelo Governo Federal.

Vários contratos da Copel não foram cumpridos pelas respectivas geradoras, como Jirau, cuja construção atrasou, e as usinas do Grupo Bertin, que sequer foram construída. Isso deixou a distribuidora paranaense descontratada e obrigada a comprar energia cara no curto prazo, afirmou o presidente da Copel.

Embora o Paraná seja superavitário na geração de energia, a eletricidade não pode ir diretamente para a Copel ou para o Estado do Paraná. A regulação do setor elétrica obriga que ela seja destinada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e revendida às distribuidoras em leilões do Governo Federal.