Dá para escolher por estilo: loiras, morenas, usando camisas de times, olhos claros, casais, grupos de amigos… na internet sobram opções de imagens para quem quiser criar um perfil falso (fake). Sites e grupos nas redes sociais reúnem centenas de álbuns de pessoas — a maioria adolescentes — que colocam suas fotos à disposição voluntariamente para quem quiser usá-las, sem cobrar nada.

Nas páginas de doações de fotos para fakes, a regra é uma só: “Usou a foto? Curta e comente”. Para quem está lá, aparecer em um perfil falso na rede não é problema. Pelo contrário, é sinônimo de popularidade. “A gente coloca as fotos para os outros acharem bonitas e, talvez, fazer um perfil no Face ou outra rede social. Queremos ganhar curtidas, elogios e fazer amigos”, explica Clara (nome fictício), de 15 anos, uma “faker” (nome dado para quem doa fotos para perfis fakes na internet) do Facebook.

Assim como ela, a maioria dos “fakers” têm entre 11 e 17 anos e também recorrem a imagens de outras pessoas para criar perfis na rede e, segundo Clara, “fazer alguma vingança, investigar se o namorado é fiel ou ‘zoar’ amigos.”

Os primeiros perfis “fakes” de sucesso surgiram no auge do Orkut, quando se tornou moda criar páginas para celebridades como se elas mesmas estivessem na rede. A brincadeira evoluiu a ponto de usuários montarem perfis que interagiam entre si, formando até famílias. Com a queda de popularidade da rede os fakes diminuíram, mas à medida que o acesso a smartphones cresceu e o número de redes sociais aumentou, os perfis falsos – e, principalmente, estampar um desses perfis – voltou a ser moda É um contexto próximo ao que deu origem aos “rolezinhos”, em que jovens buscam fama e ganham popularidade através das redes sociais.