BRASÍLIA, DF – A presidente Dilma Rousseff afirmou na sabatina desta segunda-feira (28) que houve uma grande discrepância em relação à investigação do mensalão do PT, que resultou na condenação pelo Supremo Tribunal Federal de 25 réus, e do mensalão do PSDB, cujo processo atualmente tramita na Justiça de Minas Gerais.
“Nessa história da relação com o PT, tem dois pesos e umas 19 medidas. Porque o mensalão [do PT] foi investigado. Agora, o mensalão mineiro [do PSDB], não”, disse Dilma nesta segunda (28) durante sabatina realizada pela Folha de S.Paulo, pelo portal UOL, pelo SBT e pela rádio Jovem Pan.
A candidata à reeleição insinuou que houve engavetamento no caso dos tucanos.
“Quando foi o nosso caso, tomamos todas as providencias. Não tivemos nenhum processo de interromper a justiça. Não pressionamos juiz, não falamos com procurador, não engavetamos o processo”, afirmou a petista, sem entrar em detalhes.
Questionada a explicar a que exatamente estava se referindo, Dilma se negou a dizer, afirmando apenas que como presidente da República não se manifesta sobre decisões do Supremo Tribunal Federal.
No maior julgamento de sua história, o STF condenou 25 réus, entre eles toda a ex-cúpula do PT, concluindo ter havido compra de apoio legislativo durante a primeira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.
O caso do mensalão do PSDB apura a suspeita de desvios de recursos públicos para a campanha à reeleição de Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais, em 1998. O seu caso saiu do STF e foi para a Justiça Mineira após Azeredo renunciar, neste ano, ao cargo de deputado federal.
DINHEIRO NO COLCHÃO
Dilma também foi questionada na sabatina sobre por que mantém R$ 152 mil guardados em espécie, segundo sua declaração de bens entregue à Justiça.
“Não vou te contar [se guarda o dinheiro no Palácio da Alvorada]. Sete anos da minha vida eu vivi fugida. Tinha muito tempo que eu dormia de sapato, porque é muito forte a experiência que você passa em determinados momentos. Eu tenho essa prática. Eu dou dinheiro para a minha filha. Mas eu gosto assim”, afirmou a presidente, lembrando do tempo em que foi presa e torturada durante a ditadura militar (1964-1985).
Nesse momento, brincou: “Não vou, não (fugir). Já me perguntaram isso. Mas acho que tem uma parte que gosto disso. Eu sou de outra geração. Nunca quis sucesso. Para mim, o sucesso não era isso. Na minha época, o valor fundamental era que a gente ia transformar o Brasil. Já vivi sem dinheiro, com dinheiro. Tenho essa mania com os meus R$ 152 mil que vocês não vão mudar. Eu sou mineira.”