O Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Paraná (Ibef-PR) anuncia o vencedor do prêmio Equilibrista 2014, considerado o Oscar do mundo financeiro. Na edição deste ano, o ganhador é o executivo Mauricio Marchesini Carvalho, gerente financeiro e Tesouraria da Faurecia para a América do Sul. Já os profissionais Destaque Finanças 2014 são Neuri Nunes de Lima e Alfons Ferres de Haro, respectivamente diretor administrativo e financeiro da Gestamp e da Incepa Revestimentos Cerâmicos.

A PwC Brasil foi a responsável pelo acompanhamento do processo e sua validação. A cerimônia de premiação será realizada no dia 30 de outubro, no Castelo do Batel, em festa organizada pela Pomper Eventos.

Carvalho recebeu a notícia da premiação com surpresa, já que estavam participando da disputa outros cinco executivos com nível de experiência de igual relevância. Estava feliz só de ser indicado, o que já era um grande reconhecimento. Ganhar foi inusitado e lembro que há 11 anos presenciei o meu superior ganhar esse prêmio quando eu ainda era trainee e aquela imagem seguia comigo.

Segundo ele, esse foi o resultado da trajetória de acreditar em um ideal, em um plano de trabalho ousado e difícil. O desafio na Faurecia era muito grande, mas eu acreditava muito que poderia acontecer, especialmente que poderia fazer com que o time também acreditasse no projeto. E de fato aconteceu, já que o comprometimento e a evolução do time fizeram a diferença, ressalta.

Trajetória
Desde 2012 na Faurecia, Carvalho chegou no momento em que a empresa acelerava os investimentos no Brasil, porém não tinha se estruturado para isso. Ao mesmo tempo, a companhia em âmbito mundial começava a se estabilizar após a crise mundial do setor em 2008. A empresa fornece componentes para a indústria automotiva em quatro divisões: bancos, interiores, parachoque e escapamento.

Incialmente, a ideia da matriz era somente reestruturar por completo o perfil da dívida local. Após um diagnóstico, entendi que o projeto tinha que ser maior, então apresentei um plano de trabalho de dois anos para a matriz com base em três pilares: processos internos, financeiro próximo do negócio e desenvolvimento das pessoas. Apesar da desconfiança inicial do board, era necessário algo maior, ainda precisávamos caminhar bastante antes de chegar ao que a matriz queria, por isso acreditei que somente com um plano claro e passo a passo conseguiríamos, relata.

O gerente financeiro da Faurecia aponta que, desses pilares iniciais, derivaram cinco grandes projetos, que envolveram melhorar a estrutura de capital, gestão de caixa, gestão de risco, compliance e governança. Era um projeto ousado para apenas dois anos. Do que estava proposto cumprimos etapa a etapa sem perder o foco, observa.

Crise gerando oportunidade
Em um mercado que é muito dinâmico como o setor automotivo, Carvalho admite que manter a direção foi fundamental. No entanto, num momento de crise, como o que passa o setor, novos projetos devem ser discutidos. Sempre achei que crise é oportunidade. Nos momentos mais difíceis é que toda companhia foca na busca por melhoria dos processos. A crise leva as organizações a sair da zona de conforto e inovar, ajudar efetivamente a empresa, orienta.

Segundo ele, o time atual do financeiro da Faurecia é composto por pessoas que têm esse espírito, que buscam oportunidades, inovam nos processos e acreditam que podem fazer a diferença para companhia. “Por isso evoluímos constantemente.

O case vencedor do prêmio Equilibrista foi fundamental para a empresa enfrentar as dificuldades do setor este ano. Esse ano não esta sendo fácil para o setor. Tivemos a redução do volume de produção generalizada no Brasil e isto trouxe impacto para toda cadeia automotiva. Este efeito negativo está ligado principalmente à queda das exportações para Argentina e à retração das vendas no mercado interno.

Em anos de incertezas, o consumidor tende a consumir menos produtos com valor agregado que dependem de crédito de longo prazo. Além disso, com fim parcial do incentivo do IPI e obrigatoriedade do airbag e ABS, está mais difícil às montadoras manter os preços atrativos e o crédito, quando não subsidiado, acaba sendo outro fator de redução das vendas, pois está mais caro e mais restrito, analisa.

No entanto, Carvalho assinala que a matriz francesa acredita muito na retomada do Brasil e continua investindo. No último dia 17, inaugurou um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) que está entre os mais modernos do mundo. O volume do setor deve ser retomado em 2015 e com maior força em 2016, adianta.