SÃO PAULO, SP – Cerca de 200 manifestantes em Hong Kong seguiram em passeata até a casa de Leung Chun-ying, chefe Executivo da cidade, nesta quarta-feira (22), para pressionar por mais democracia, já que não houve acordo nas conversas entre líderes estudantis e representantes municipais de terça (21). Há semanas, os manifestantes estão ocupando as principais ruas da cidade em protesto contra a decisão da China de manter um controle sobre os candidatos nas eleições locais de 2017. A marcha também foi usada para protestar contra a declaração de Leung de que os pobres não deveriam ter muita influência política. Os governos de Honk Kong e da China dizem que as ações dos revoltosos são ilegais. Os manifestantes protestam contra a exigência de que os candidatos das eleições sejam nomeados por um comitê controlado por Pequim. Por outro lado, a China também estabeleceu o princípio de sufrágio universal para a eleição de 2017. “Espero que o governo ouça. Se eles não ouvirem, sairemos novamente e novamente para lutar por nosso direito básico de nomeação”, disse o manifestante Wing Chan, que participou da marcha. Segundo Hong Kong, nomeações abertas são impossíveis sob as leis locais. Após as primeiras conversas fracassarem em acabar com o impasse, o governo propôs aos estudantes um novo encontro para tentar buscar uma solução à crise mais grave na ex-colônia britânica desde a devolução à China, em 1997. “Quanto a saber se as discussões serão retomadas, isto é algo que ainda deve ser decidido”, declarou o secretário-geral da Federação de Estudantes de Hong Kong, Alex Chow. O Executivo local fez alguns gestos em direção aos manifestantes ao propor um comitê “mais democrático”. LEUNG Em entrevista na segunda (20), Leung disse que eleições totalmente democráticas levariam a políticas populistas, já que a classe pobre da cidade teria uma voz dominante. “Se é inteiramente um jogo de números e representação numérica, então, obviamente, você estaria falando com metade das pessoas em Hong Kong, que ganham menos de US$ 1.800 por mês”, Leung disse ao “New York Times”, “Wall Street Journal” e “Financial Times”. Nesta quarta, o governo emitiu um comunicado dizendo que Leung deve “levar em consideração as necessidades de todos os setores com igual importância […] e não só as necessidades da maior comunidade”. O comunicado destaca que o governante dá “muita importância à vida dos mais pobres”. BOICOTE NA CHINA A Liga Comunista da Juventude Chinesa abriu uma consulta que propõe um boicote aos artistas que apoiam o movimento pró-democracia em Hong Kong. Mais de 200.000 internautas já haviam respondido à iniciativa. O pedido de boicote tem como alvos principais os atores Anthony Wong e Chapman To, assim como a cantora Denise Ho, muito famosos na China. A Liga, poderoso órgão do Partido Comunista responsável por promover a ideologia entre os jovens, abriu a consulta em sua conta oficial em uma rede de microblogs. A inciativa sugere uma censura na internet aos artistas que apoiam os manifestantes de Hong Kong e neutralizar suas contas de microblogs.