PEDRO SOARES
RIO DE JANEIRO, RJ – Após dois trimestres consecutivos em queda, a economia do país cresceu 0,1% do segundo para o terceiro trimestre deste ano e saiu da chamada recessão técnica. Pelo critério adotado por uma ala de economistas, há esse cenário com dois períodos seguidos em declínio.
No primeiro trimestre, a retração foi de 0,2%. Já no segundo trimestre a produção de bens e serviços do país declinou 0,6% nessa base de comparação.
Em relação ao terceiro trimestre de 2013, houve recuo de 0,2%. Com esse resultado, o PIB acumula alta de 0,2% neste ano. O indicador dos últimos 12 meses encerrados em janeiro soma uma variação positiva de 0,7%.
Os dados do PIB foram divulgados nesta manhã pelo IBGE e estão abaixo do previsto pelo mercado. Segundo levantamento da agência Bloomberg com 46 economistas, era esperada alta média de 0,2% do segundo para o terceiro trimestre. Já na comparação com o mesmo trimestre de 2013, a expectativa era de recuo de 0,1%.
SETORES
Segundo o IBGE, a indústria registrou alta de 1,7% no terceiro trimestre frente aos três meses anteriores, após fortes perdas no primeiro semestre e ajudou a impulsionar o PIB e evitar um resultado negativo.
Já os serviços avançaram 0,5%, num ritmo fraco para o segmento que tem sido o mais dinâmico da economia. A agropecuária, por seu turno, mostrou forte perda de 1,9% e limitou a expansão da economia.
Sob a ótica dos segmentos que absorvem a produção, o consumo das famílias, componente de maior peso do PIB, caiu 0,3%, num sinal de que a inflação maior e deterioração da confiança de consumidores já abala a disposição das famílias em comprarem.
Já o investimento apontou uma alta de 1,3%, em tendência de retomada, após forte contração nos seis primeiros meses do ano. O consumo do governo teve alta de 1,3%.
Ainda por este olhar da economia, as exportações avançaram 1%, enquanto as importações de bens e serviços subiram 2,4%, num ritmo mais acelerado.
Em valores, o PIB do terceiro trimestre somou R$ 1,3 trilhão.
Os resultados apresentados pelo IBGE não se traduzem em algo novo para economistas, que já olham com mais atenção para a economia em 2015 –ano que também deve registrar um fraco crescimento econômico em meio à medidas de austeridade fiscal implementadas pela nova equipe econômica, sob a batuta de Joaquim Levy (Fazenda), à inflação elevada e uma piora previsto do mercado de trabalho.
Neste ano, o PIB sofreu com juros maiores, confiança de consumidores e empresários abalada, inflação elevada e sinais mais fortes de freada do emprego e desaceleração do rendimento.
Diante disso, a maior parte dos economistas espera uma expansão da economia brasileira inferior a 0,5% em 2014 –algumas instituições não descartam uma taxa nula ou até mesmo negativa.