REGIANE TEIXEIRA
SÃO PAULO, SP – Na próxima quarta-feira (28/1), o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, deve se reunir com prefeitos de outras cidades abastecidas pela Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp) e com o novo secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga, para discutir a crise hídrica pela qual passa o Estado.
Com a responsabilidade do abastecimento de água sendo do governo estadual, Haddad disse que seu papel é oferecer apoio na coordenação dos prefeitos da região metropolitana para que a Sabesp possa se comunicar de maneira mais ágil.
“É importante os prefeitos terem um conhecimento fino dos cenários possíveis para os próximos meses. Teremos um período natural de estiagem e queremos saber como proceder”, disse Haddad. “Quanto mais canais de comunicações transparentes abrirmos, para que os gestores públicos possam participar, melhor para o governo do Estado [de Geraldo Alckmin]. A questão não é político partidária.”
Segundo Haddad, um dos temas propostos pelos prefeitos para a reunião, que deve ser realizada na sede da prefeitura da capital paulista, é a questão operacional da aplicação de multas para quem desperdiça água. “[O objetivo é saber] para onde vão os recursos, o que se pretende com isso do ponto de vista da economia, quais outras medidas podem ser tomadas. Neste momento, temos que estar à disposição das autoridades governamentais para orientar a população”, disse.
Pelo 14° dia consecutivo, a capacidade do principal sistema de abastecimento da região metropolitana de São Paulo, o Cantareira, registra queda. De acordo com o boletim divulgado pela Sabesp, o nível do Cantareira baixou 0,1 ponto percentual em relação ao índice do dia anterior e opera com 5,1% de sua capacidade neste domingo (25).
O sistema, que abastece 6,2 milhões de pessoas na Grande São Paulo, registrou no dia 11 de janeiro 6,6% de capacidade -que já inclui a segunda cota do volume morto (água do fundo do reservatório que não era contabilizada). De lá para cá, a capacidade do sistema cai consecutivamente. Até agora, o manancial acumula 96,1 mm de chuva -o que equivale a 35,45% da média histórica para janeiro (271,1 mm).
Diante da situação, o Estado instituiu uma sobretaxa sobre o aumento de consumo, e o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, admitiu a possibilidade de racionamento “se continuar a não chover nos lugares certos e nas quantidades necessárias”.
O governo federal traçou cenários sobre a crise hídrica em São Paulo na última sexta-feira (23) no Planalto. Caso a previsão de chuvas não se confirme e não haja medidas mais drásticas do Estado, há possibilidade de as represas secarem dentro de quatro a cinco meses. Em outro cenário, menos pessimista, o governo projetou a possibilidade de um colapso nos reservatórios em setembro.
Racionamento, problemas de abastecimento ou reservatórios em níveis de alerta já são realidade em cinco das dez maiores regiões metropolitanas do país: as de Belo Horizonte, Campinas, Recife, Rio e São Paulo. Juntas, elas abrigam 48 milhões de pessoas, quase um quarto da população do país.