SÃO PAULO, SP – O quarto dia da greve de ônibus em Curitiba começou com 70% da frota circulando na manhã desta quinta-feira pelas ruas da cidade e da região metropolitana, segundo informações da Urbs (empresa que gerencia o transporte). A Justiça determinou na tarde da última terça-feira (27) a volta imediata de 80% da frota da cidade. De acordo com a Urbs, nesta manhã ainda é registrado protestos de grevistas em frente algumas garagens de empresas de ônibus. No entanto, a Urbs informou que tem os ônibus circulando por todas as regiões. Na quarta-feira (28), mesmo com a greve, cerca de 90% dos ônibus circularam em Curitiba. Um acordo feito no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) estabeleceu que o pagamento dos salários atrasados será feito até esta quinta (29). Caso os salários sejam depositados, os ônibus voltarão ao normal. AUMENTO TARIFA A Prefeitura de Curitiba admitiu a possibilidade de aumentar a tarifa de ônibus, hoje em R$ 2,85, para mais de R$ 3 até o final da semana. Em entrevista à imprensa nesta quarta, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) disse que até sexta (30) haverá novas definições sobre o sistema de transporte coletivo da cidade -que foi pioneiro na adoção de vias exclusivas para ônibus, o famoso BRT (Bus Rapid Transit, na sigla em inglês), copiado em todo o mundo. Entre as medidas aventadas, está o aumento da passagem e a possível desintegração do sistema na região metropolitana. Hoje, 14 municípios fazem parte da rede, e todos os passageiros pagam a mesma tarifa. A partir de sexta, é possível que a passagem tenha preços diferentes para a região metropolitana e para a área urbana. “Vamos trabalhar até o fim pela integração. Mas a conta tem que ser clara. A prefeitura não pode assumir”, declarou Fruet. CRISE FINANCEIRA O sistema de transporte de Curitiba vem enfrentando desequilíbrio financeiro desde 2004. O preço da tarifa não suporta mais os custos. Para fechar a conta, prefeitura e governo do Paraná têm desde então feito subsídios milionários aos ônibus, que chegam a R$ 65 milhões por ano. O custo real do sistema, hoje, é de R$ 3,18 por passageiro –11% a mais que a tarifa praticada. As empresas, porém, dizem que esse valor já alcançou R$ 3,75. Atrasos nos repasses de prefeitura e governo têm prejudicado a operação. Motoristas e cobradores se queixam de atrasos nos salários e deflagraram greve por não terem recebido o adiantamento salarial do último dia 20. A linhas metropolitanas são as que custam mais. O governo do Paraná tem feito aportes no sistema para sustentar o custo, mas passou a discordar dos valores devidos no ano passado. Fruet e o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), são adversários políticos. Prefeitura e governo ainda tentam fechar um acordo, até sexta (30), para viabilizar a tarifa única. Mas, sem consenso, a possibilidade da dupla tarifa é grande. “Não se pode reduzir tudo a uma mera briga política”, declarou o prefeito. “Há uma questão técnica por trás.” O governo diz estar fazendo todo o esforço para viabilizar a integração, mas admite dificuldades financeiras para manter o subsídio.