As expectativas dos empresários de comércio e serviços do Paraná para o primeiro semestre de 2015 apresentam redução quando comparadas aos semestres anteriores. Conforme a 27ª edição da Pesquisa de Opinião do Empresário do Comércio, feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio PR), apenas 39% dos pesquisados têm expectativas de crescimento para o primeiro semestre, o menor índice desde a implantação da pesquisa, em 2001. Na verdade, os números da avaliação refletem o perfil de dificuldades previstas para a economia brasileira neste início de 2015.

Em pesquisas anteriores, as respostas positivas quanto ao desempenho esperado para o semestre seguinte chegaram a superar 85%. No entanto, os números obtidos de 2011 a 2014 indicam que em apenas em três ocasiões houve crescimento nas expectativas em relação ao semestre imediatamente anterior. Os outros cinco semestres tiveram queda, até chegar ao início do segundo governo Dilma com este recorde negativo.

A reação dos empresários captada nas respostas da pesquisa demonstra a influência e o condicionamento às restrições ocorridas em 2014 e que explicam os fatores limitantes para 2015. Dentre estes fatores podem ser mencionados: taxa de juros Selic crescente; inflação; PIB em queda, com aumento esperado de 0,5% para 2014; a indústria teve queda na produção, ampliou férias coletivas, reduziu turnos de trabalho e dispensou trabalhadores e, em vários ramos, acumulou estoques; a demanda caiu e o consumidor seu poder de compra reduzido e sua renda comprometida; restrições do sistema bancário na concessão de financiamentos; a balança comercial do Brasil e do Paraná ficou negativa em 2014; queda no superávit primário do governo, simultâneo à maior carga tributária. A combinação destes fatores foi suficiente para afetar o comércio e limitar seu crescimento.
A conjuntura atual sinaliza impactos restritivos não somente sobre a economia brasileira, mas também no ambiente ético e político do país. Além das carências na infraestrutura básica – sistema viário, portos, comunicações, energia, logística, e muitos mais –, há os reajustes de tarifas básicas sob responsabilidade do setor público, dentre os quais se destaca a tarifa de energia elétrica. Mas ao mesmo tempo, entrou na agenda do governo também o tema racionamento na oferta de energia elétrica e de água em alguns estados.

Foram definidas elevações tributárias para 2015 pelos três níveis de governo, algumas já vigentes. O adicional tributário, de diversas conotações – ICMS, IPVA, IPTU, ISS, ITBI, desconto adicional sobre remuneração de aposentados do Estado, reajuste do Imposto de Renda abaixo da inflação do ano anterior, volta da CIDE sobre combustíveis – sinaliza uma repercussão sobre a taxa de inflação com maior impacto no primeiro semestre.
Essa combinação de limitações irá, sem dúvida, gerar um cenário econômico desestimulante e comprometedor para a atividade empresarial. O empresário do comércio, diante desse quadro, contém suas expectativas, o que resulta em desestímulo a novos investimentos, que também comprometem a geração de novos postos de trabalho. Os trabalhadores de diversas categorias ou setores de atividade sinalizam a adoção de posturas reivindicativas.
A dimensão das providências a serem adotadas pelo governo quanto à política econômica demonstra a intensidade das mudanças necessárias à economia brasileira como forma de reduzir ou conter os desvios e inadequações acumuladas anteriormente. Na verdade, a correção das deficiências e a necessidade de superar o quadro de limitações surgem como prioridades ao poder público, qualquer que fosse o candidato eleito em 2014.
A correção desses desvios requer elevação da tributação, o que acaba sendo um custo adicional a ser assumido pela população, mas precisa estar alinhada com outras ações. O planejamento a ser implantado exige o reposicionamento do governo em relação a seus gastos e adequação das despesas às receitas. A melhoria da infraestrutura exige a ampliação dos investimentos e redução dos gastos de custeio.
O que se vislumbra para o ano de 2015 é a necessidade de implantação de políticas econômicas corretivas e compensatórias no país e no Paraná. Será um ano de correções e adequações, não será um ano de crescimento. Desde que as mudanças obtenham sucesso, surge a possibilidade de melhores resultados para 2016.
As mudanças se revelam necessárias, considerando o acúmulo de desvios que geraram uma cascata de erros. No contexto das mudanças necessárias, se destacam, sobretudo, as transformações éticas e políticas no setor público.