GIULIANA VALLONE
NOVA YORK, EUA – O crescimento da economia dos EUA no quarto trimestre foi mais fraco do que o estimado anteriormente, segundo a primeira revisão dos dados divulgada nesta sexta-feira (27) pelo Departamento do Comércio.
O PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano teve alta anualizada de 2,2% entre outubro e dezembro, menor que os 2,6% da primeira leitura, anunciada em 30 de janeiro. A elevação foi bem menor que a registrada no terceiro trimestre, quando o crescimento foi de 5%.
O dado revisado, porém, é melhor do que o esperado por analistas do mercado, que previam uma redução para 2%.
No ano de 2014, o PIB cresceu 2,4%. O número ficou pouco acima da média de crescimento entre 2010 e 2013, de 2,2%, e ainda bem abaixo da média da década de 1990, quando a economia cresceu em média 3,4% por ano.
A divulgação do PIB dos EUA costuma ocorrer em três fases: a primeira estimativa, divulgada um mês após o término do trimestre, e outras duas revisões (nos dois meses seguintes). A última revisão para o quarto trimestre será divulgada em 27 de março.
A redução nos números anteriormente previstos para o quarto trimestre reflete uma revisão para baixo nos estoques do setor privado.
Além disso, o crescimento das importações, que contribuem negativamente para o PIB, foi revisado para cima. O aumento foi de 10,1%, contra 8,9% divulgados no mês passado.
O dado foi parcialmente compensado por uma elevação maior nos investimentos do setor privado, de 4,8%, ante 1,9% da primeira estimativa. O número ainda é bem mais baixo do que os 8,9% registrados no terceiro trimestre.
De forma geral, os números do quarto trimestre contribuem para a avaliação de que a retomada do crescimento nos Estados Unidos ainda é desigual. O crescimento foi impulsionado pelo melhor índice de gastos dos consumidores em quatro anos. Ao mesmo tempo, no entanto, os investimentos das empresas e as exportações desaceleraram.
A alta do consumo foi revisada para 4,2%, ante 4,3% divulgados anteriormente. A elevação no trimestre beneficiada pela queda nos preços do petróleo -e consequentemente nos custos de energia- e um cenário melhor do emprego.
E a tendência de melhora no mercado de trabalho, segundo a presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Janet Yellen, deve continuar. Em audiência no Congresso nesta semana, ela afirmou que a expectativa é que o crescimento econômico “seja forte o suficiente para resultar em uma continuação do declínio gradual da taxa de desemprego.” O índice está em 5,7%, de acordo com dados de janeiro.
Ela disse ainda que, caso as condições econômicas continuem melhorando, “como esperado”, o Fed começará em algum momento a considerar, reunião a reunião, um aumento na taxa de juros, não sem antes sinalizar a mudança ao mercado.
O aumento dos juros é acompanhado com atenção pelos investidores. Uma mudança na taxa de juros influencia uma série de variáveis na economia norte-americana, porque aumenta o custo do crédito para os consumidores, empresas, e o próprio governo.
Para os mercados emergentes (inclusive o Brasil), a tendência é que haja um êxodo de investimentos para os EUA, em busca do rendimento e da maior segurança da economia americana.