AGUIRRE TALENTO E MÁRCIO FALCÃO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em meio a protestos provocados pela condução da sessão da CPI da Petrobras pelo presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), deputados bateram boca e o parlamentar Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) chegou a chamar Motta de “coronel” e “moleque”, na manhã desta quinta-feira (5).
Motta, aos 25 anos e em seu segundo mandato, foi alçado à presidência da CPI pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A condução dos trabalhos por Motta, porém, foi alvo de críticas por representantes de diversos partidos e chegou a um intenso bate-boca entre os deputados.
Isso porque os integrantes de algumas legendas na comissão, como PSOL, PPS e PSB, reclamaram que não foram consultados sobre a escolha dos vice-presidentes da comissão, realizada no início da sessão, nem sobre a criação de sub-relatorias da CPI -o que, na prática, vai esvaziar os poderes do PT, que ocupa o cargo de relator com o deputado Luiz Sérgio (RJ).
O relator conduz a investigação e redige o relatório final, mas as sub-relatorias diminuem esse poder, dividindo-o com outros parlamentares.
O deputado Afonso Florence (PT-BA) e o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) argumentaram que a indicação dos sub-relatores, pela tradição da Casa, costuma ser feita pelo relator. Motta, porém, rebateu dizendo que o regimento é omisso sobre esse ponto e que ele mesmo faria essa indicação.
‘MOLEQUE’
Quando Motta foi formar as sub-relatorias e fazer as indicações, parlamentares contrários começaram a gritar. Alguns se levantaram e foram até a mesa, onde sentam os cargos de comando da CPI. Valente começou a discutir com Motta e outro deputado, Edmilson Rodrigues, fez referência ao peemedebista como “moleque”.
Motta se irritou e respondeu aos gritos: “Não admitirei desrespeito de vossas excelências. Quem manda aqui é o presidente, respeitando o regimento. Eu não aceito desrespeito. Vossa excelência me respeite.” E completou: “Eu não tenho medo de grito. Da terra de onde eu venho, homem não me grita”.
Parlamentares e servidores foram à mesa esfriar os ânimos, para que pudesse ser retomada a condução da sessão. Outros deputados se queixaram do bate-boca e disseram que o presidente foi desrespeitado.
Rodrigues posteriormente pediu desculpas e afirmou que a decisão de criar sub-relatorias deveria ser tomada após o relator expor seu plano de trabalho e submetida a plenário.
“Eu disse ‘não amoleque essa CPI’, não lhe chamei de ‘moleque’. Naquilo que eu achar que é um desrespeito, eu realmente usarei os recursos democráticos, e às vezes o recurso democrático é impedir que uma violência institucional se realize. Me desculpe”, afirmou Rodrigues.