RAUL JUSTE LORES
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Isenção de visto é “o que o brasileiro na rua quer dos EUA”, declarou o conselheiro do Departamento de Estado e ex-embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, nesta sexta (27), em um evento na Universidade George Washington.
“Se perguntar a meu amigo chanceler Mauro Vieira, o que o Brasil quer dos EUA, ele dirá que é o apoio americano a uma vaga no Conselho de Segurança na ONU. Mas se eu perguntar a um brasileiro na rua o que ele quer dos EUA, ele vai falar que não quer mais ir até o Consulado e pagar US$ 160 por um visto.”
E ainda emendou: “os donos de hotéis e restaurantes da Flórida também querem o fim do visto. Temos que perguntar o que as sociedades querem dos dois países”.
Shannon disse que, pouco depois de deixar o Brasil, em 2013, os consulados americanos estavam perto de emitir 1,8 milhão de vistos por ano, vistos novos para brasileiros que “visitam Miami, Nova York, Las Vegas”, aonde surgem “relações inusitadas”, do crescimento do diálogo entre igrejas evangélicas nos dois países ao aumento do intercâmbio entre estudantes e pesquisadores do Ciências sem fronteiras.
Na maior parte da palestra, que abriu um evento sobre a economia brasileira na George Washington University, Shannon disse que a aposta dos EUA no Brasil é de “longo prazo”.
Desviando de perguntas sobre a possível visita de Estado da presidente Dilma Rousseff a Washington, adiada em setembro de 2013, depois das revelações de espionagem em alta escala, ele relatou uma declaração de Jeffrey Immelt, presidente da gigante General Electric, após uma visita ao Brasil.
“Se alguma empresa americana estiver deixando o Brasil, me avisem, que eu compro o que eles tiverem deixando por lá”.
Citando Tom Jobim, de que o “Brasil não é para amadores”, ele emendou que “o Brasil não é para curto-prazistas”. Criticou a capa da revista “The Economist”, ao mostrar que o Cristo Redentor despencava do Corcovado diante do declínio econômico. “É um erro, uma mentalidade de dinheiro de curto prazo”.
“Para nós, o Brasil é o país do presente e do futuro”. Disse que o Brasil é um “ator global que nós gostamos, parceiro que luta para reforçar as organizações multilaterais, que não quer se impor por armas nucleares, nem querendo dominar o mar do sul da China”, em indiretas ao Irã e à China.
“O sucesso do Brasil depende de seu sucesso interno, é assim que projeta seu poder”.
Por último, disse que a próxima Cúpula das Américas, no mês que vem no Panamá, será “histórica”, pela presença de Cuba, reatando relações diplomáticas com os EUA, e que os americanos farão um esforço em dialogar com a Venezuela, “depois das críticas às sanções de Washington a funcionários do país responsáveis por violações dos direitos humanos”.
Disse que o engajamento seria uma maneira de responder “as nossos parceiros na região”.