GIULIANA DE TOLEDO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Annie Clark, a cantora americana de 32 anos por trás do nome artístico St. Vincent, gargalha. “Sem comentários. A situação foi totalmente resolvida”, diz ela à reportagem, sobre a confusão em que se meteu recentemente no Chile durante o festival Lollapalooza de Santiago.
A cantora teria rasgado quadros da artista plástica chilena Constanza Ragal Chaigneau que decoravam seu camarim. Conforme a MTV americana, St. Vincent precisou pagar US$ 4.500 (cerca de R$ 14.500) para aplacar o prejuízo.
Em entrevista à reportagem na noite desta sexta (28), em um hotel na zona sul de São Paulo – ela olha em volta e o chama sarcasticamente de “lindo panteão, um prédio tipo o Partenon” -, a cantora definiu o caso como um “grande mal-entendido”.
Nega que tenha ficado mais dias no Chile em razão de problemas legais quanto ao episódio dos quadros – hipótese levantada na imprensa americana.
“Não, nós ficamos lá de férias”, conta, sem revelar nem mesmo se fez de fato algo com os tais quadros. “É um caso para se dizer ‘sem comentários'”, ri.
Pela primeira vez no Brasil, St. Vincent é uma das atrações mais esperadas desta edição do Lollapalooza. Ela, que diz adorar Bebel Gilberto, Caetano Veloso e Os Mutantes, sobe ao palco Axe logo mais neste sábado (29), às 17h15.
VIDA BOA
Antes de São Paulo, Annie se apresentou também no Rio e em Belo Horizonte, abrindo os shows solo do ex-Led Zeppelin Robert Plant. Na noite do show na capital fluminense, escreveu em sua conta oficial no Twitter que a vida estava “melhor do que nunca”.
Pudera, Annie é uma grande fã de Led Zeppelin. Como foram essas noites? “Maravilhosas. Ele é um mágico de verdade. E eu passei horas da minha vida ouvindo Led Zeppelin. O show é tão poderoso, é algo conectado com a verdadeira alma da música. Eu me senti viva e nostálgica.”
Seu humor ácido – uma das marcas das suas composições pop rock – aparece mais uma vez quando responde se talvez possamos ver uma parceria sua com Plant no palco deste Lolla.
“Eu gostaria”, faz uma longa pausa. “Não, você não pode [esperar por isso]. Desculpe-me. Gostaria, mas isso não vai acontecer. Vai ser só o nosso show”, ri ela, que usa um look todo preto: vestido rendado, meia-calça e sapato de salto alto.
Os tons escuros da roupa combinam com seu cabelo, tingido recentemente de castanho escuro depois de uma longa temporada entre o grisalho e o lilás.
A explicação para a cor a faz rir mais uma vez. “Quando estou em turnê, eu vou em qualquer salão em qualquer cidade. Peço para qualquer um cortar o meu cabelo e pintá-lo. Então como resultado, meu cabelo ficou arruinado”, conta. “Então eu tive que voltar a pintar de escuro e agora que está crescendo eu tenho acidentalmente umas mechas de boy band.”
SURPRESA
Annie também ri ao ser perguntada sobre a quantidade de fãs na América do Sul. “Eu tenho? Não tenho a menor ideia. Nós temos? As pessoas gostam? (olha em volta, olha para a sua empresária) Ah, meio que sim.”
“[Nos Lollapaloozas do Chile e da Argentina,] os fãs foram incríveis, super efusivos, maravilhosos, doces, calorosos. Mas eu não sei. Não sei quantos são. Mas sei que os que eu encontrei foram ótimos”, diz ela, que está trabalhando novamente com David Byrne (Talking Heads) em um projeto dele.
Os dois fizeram em 2012 o álbum “Love This Giant”. Desta vez, o projeto envolve mais artistas, como Blood Orange e tUnE-yArDs, que criarão em grupos músicas para equipes de “color guard” – espécie de mistura de música e dança com desfile militar, tradição em escolas americanas.