RANIER BRAGON BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Após as derrotas sofridas na terça-feira, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e seus aliados passaram toda esta quarta-feira (27) em um intenso processo para virar os votos de deputados que haviam rejeitado o financiamento privado no dia anterior. Com o mapa de votação da derrota de terça-feira na mão, líderes partidários e a cúpula da Câmara patrocinaram forte pressão sobre os parlamentares infiéis, relatam deputados. No PMDB de Cunha, por exemplo, as traições foram reduzidas de 14 para 4 deputados: apenas o ex-relator da reforma política, Marcelo Castro (PI), José Fogaça (RS), Simone Morgado (PA) e Elcione Barbalho (PA) mantiveram os votos contrários (veja como cada deputado votou). A principal ameaça relatada foi feita por integrantes de legendas nanicas. Segundo eles, Cunha e aliados ameaçavam votar nos próximos dias projeto que sufoca a existência dessas siglas. De fato, a votação nos pequenos partidos apresentou uma notável inclinação pró-financiamento privado de terça para quarta. No PSC, por exemplo, cinco deputados havia rejeitado a proposta na terça. Nesta quarta, esse número caiu para 1. Os médios partidos também obtiveram a promessa de que não será aprovada o fim das coligações para eleição de deputados e vereadores, o que prejudicaria essas legendas. A operação muda-voto chegou a unir Cunha ao deputado Silvio Costa (PSC-PE), um dos principais críticos do peemedebista, que passou o dia em reuniões no gabinete do presidente da Câmara. A principal virada nas últimas 24 horas ocorreu no PRB de Celso Russomanno (SP), deputado federal mais votado nas últimas eleições. Na véspera, o partido havia dado 18 votos contra o financiamento a candidatos e partidos. Nesta quarta, sob o argumento de que aceitava a proposta de restrição das doações somente aos partidos, a legenda deu uma guinada: Toda a bancada de 20 deputados votou a favor da medida. Russomanno disse que defendia a restrição do financiamento às pessoas físicas, mas que buscou um acordo para evitar que o tema fosse decidido pelo Supremo Tribunal Federal. “Nós cedemos daqui e eles cederam ao restringir a doação aos partidos”, afirmou. “Bateu o desespero neles na noite de terça e a partir daí, operaram dia e noite. Eles sabem que a maioria dos deputados aqui não sabe fazer campanha sem dinheiro”, afirmou Ivan Valente (PSOL-SP).